Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos. — Winston Churchill

A relativização dos conceitos nos convida a considerar que não existe uma verdade absoluta ou uma única forma correta de interpretar as coisas. Ao compreender que os conceitos são relativos, podemos explorar diferentes perspectivas, enriquecer o debate e promover uma compreensão mais abrangente e inclusiva. No entanto, é importante ressaltar que a relativização dos conceitos não implica em negar a existência de princípios éticos e morais fundamentais. Embora a interpretação e a aplicação desses princípios possam variar, é necessário estabelecer limites e critérios que assegurem o respeito aos direitos humanos, a justiça social e o bem-estar coletivo. Um desses limites é a democracia.

É possível relativizar a resposta para a pergunta se o governo Lula da Silva 3 nesses seis primeiros meses é ótimo ou ruim? Sim. A resposta para isso é relativa. Comparando com o desgoverno de Jair Bolsonaro, Lula da Silva é ótimo. Não existe nem comparação possível entre os dois, na minha visão.

Mas alguns conceitos não podem ser relativizados. Se alguém acha que uma ditadura é uma democracia, o “conceito” da pessoa está errado. Venezuela, Cuba, Nicarágua, China são ditaduras. É simples assim. Há eleições em todos eles, mas não há liberdade de imprensa, não há liberdade de organização partidária, não há Judiciário independente, não há Legislativo independente — e quem se opuser ao governo vai preso. Isso simplesmente não é democracia. Não é possível defender “ditaduras de estimação”.

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, tentou “expurgar” a democracia e está sendo “expurgado” pela democracia | Foto: Agência Brasil

Não se relativiza a democracia

Embora a relativização dos conceitos possa ser útil em algumas discussões, é importante ressaltar que a democracia não pode e não deve ser relativizada. A democracia deve ser vista como um valor universal. O que se pode propor, isto sim, é uma radicalização da democracia no sentido de ser inclusiva socialmente, e não apenas politicamente.

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A democracia é valorizada não apenas pelos resultados que pode proporcionar, mas também por seus próprios princípios fundamentais, como a liberdade de expressão, o respeito aos direitos humanos e a igualdade de oportunidades. Esses valores são universais e não devem ser comprometidos ou relativizados.

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A democracia é um sistema que visa proteger os direitos e liberdades individuais, garantindo que todos os cidadãos tenham voz e participação nas decisões políticas. Relativizar a democracia poderia minar essas proteções e abrir caminho para a opressão, a exclusão e a violação dos direitos humanos.

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A democracia se baseia no princípio da autodeterminação, onde o poder político emana do povo. Relativizar a democracia poderia minar a capacidade do povo de exercer sua soberania e influenciar as decisões que afetam suas vidas.

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A democracia proporciona um ambiente propício para o progresso e desenvolvimento social, político e econômico. Ao permitir a participação e a diversidade de ideias, a democracia estimula a inovação, a criatividade e a busca por soluções melhores. Relativizar a democracia poderia comprometer esse ambiente de progresso e impedir avanços significativos.

Ainda que a democracia seja um ideal a ser perseguido, isso não significa que seja um sistema perfeito. Há desafios e imperfeições a serem enfrentados, e é legítimo e necessário discutir e buscar melhorias dentro do contexto democrático. No entanto, é fundamental preservar os princípios fundamentais da democracia e resistir a qualquer relativização que possa ameaçar sua essência e seus valores intrínsecos.

O resto é enrolação, papo furado. Porque a democracia é única, não tem substituta.