Está claro que o Congresso Nacional não representa a sociedade, apenas a si próprio

23 junho 2024 às 21h39

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O Congresso Nacional é conservador e já ficou claro de que ele não representa o povo, apenas seus interesses próprios. Fato que comprova isso é o quanto o governo tem tido dificuldade de governar desde que o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou, em 2023.
Às custas de muitas concessões o governo, até o momento conseguiu aprovar todos os projetos que enviou para o legislativo, as exceções ficam são algumas medidas provisórias entre elas a mais discutida que é sobre a desoneração das folhas de pagamentos das prefeituras. Todos, com consciência e o mínimo de senso crítico, sabem que o governo anterior deixou um rombo gigantesco, para além dos gastos com a pandemia de COVID-19, que foi gasto contra a vontade do ex-presidente.
Para tentar financiar a eleição, o governo do ex-presidente enviou para o Congresso, e foi aprovado a limitação da cobrança do ICMS dos combustíveis em 17%, gerando um impacto negativo imenso nos cofres dos governos estaduais fazendo com que o governo tivesse que ressarcir as unidades da federação.
O governo anterior foi embora, mas muita gente dele e seus seguidores radicais ficaram dentro do Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) sabia que a sua sede por poder e controle do orçamento seria mais difícil, mas ele não deu o braço a torcer e não quer ser apenas um ex-presidente da Câmara Federal, esquecido. Ele quer manter a sua influência sobre o que a Casa pauta, vota e como vota.
Existe apenas uma coisa que controla o infeliz presidente com pose de primeiro ministro do país, a opinião pública. Ficou claro depois de dois episódios que colocaram o povo para bater de frente com deputados, senadores e com Lira. Primeiro foi a PEC de privatização das praias a pauta caiu após polêmica que veio a tona com uma briga entre a atriz Luana Piovani e o jogador cai cai, Neymar Jr.
O episódio foi a votação da urgência do projeto de lei que iguala a prática do aborto legal após 22 semana ao homicídio simples com pena prevista para mulher que abortar maior do que a pena para quem a estuprou. O texto ficou conhecido como PL do estuprador. Após uma série de absurdos vomitados durante quase duas semanas, Lira recuou e deixou a apreciação do texto para o final do ano, porque um conflito com a opinião pública em pleno período de eleições municipais dificultaria o trabalho dos parlamentares em suas bases eleitorais.
Tudo isso Lira está fazendo para conseguir emplacar seu sucessor na eleição para a presidência da Câmara em fevereiro do ano que vem. Lira não se preocupa com políticas públicas, com o bem estar da sociedade e da mulher. Enquanto ele deixa a bancada evangélica de molho aguardando a votação da PL do estuprador para o final do ano, ele vai afagar os partidos políticos.
Lira deve colocar em apreciação dos deputados a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que anistia os partidos políticos. O texto prevê que nenhuma punição seja aplicada a partidos políticos que descumpriram regras eleitorais sobre as cotas de gênero e racial, por exemplo. Sobre esse assunto a maioria dos partidos vota junto. Direita se junta à extrema-direita com o centrão e a esquerda e deve ser aprovada com facilidade
O problema é que esse tema não tem a capacidade de mobilizar a opinião pública como foi com o PL do estuprador e a PEC das praias. A anistia aos partidos é grande perda para busca de igualdade da disputa eleitoral entre homens e mulheres e tornar o Congresso mais diverso tal qual a nossa sociedade. É por conta de um parlamento formado pela grande maioria de homens, homens e mulheres brancos que a sociedade deixa de ser representada.
Acima de tudo a sociedade precisa votar melhor, acompanhar e cobrar seus os deputados do seu estado, dos deputados estaduais que representam a sua região e os vereadores.