Vanderlan é quem mais perde com candidatura de Iris
29 março 2014 às 13h22
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Ex-prefeito de Senador Canedo corre o risco de, mesmo que faça tudo certinho, ser atropelado e não conseguir ir ao segundo turno; até aqui ele tem os mesmos índices que recebeu na eleição de 2010
Em 2010, na eleição para o governo estadual, o candidato da Coligação Goiás no Rumo Certo (PP, PDT, PTN, PSC, PR, PSDC, PSB, PV e PRP), Vanderlan Cardoso (então no PR), ficou em terceiro lugar e, consequentemente, não chegou ao segundo turno. Ele obteve exatos 502.462 votos, ou seja, 16,62%.
Foi uma votação boa ou ruim? Depende. Boa, considerando que Vanderlan era um político que vinha de dois mandatos de uma prefeitura pequena, Senador Canedo. Ruim, se lembrarmos que ele era o candidato apoiado pelo governo estadual, com as vantagens que isso inquestionavelmente proporciona. O problema é que o governador a apoiar Vanderlan era Alcides Rodrigues, o que evidentemente contou negativamente para o candidato.
Imediatamente após a eleição, cujo segundo turno foi vencido por Marconi Perillo (PSDB) na disputa com Iris Rezende (PMDB), Vanderlan Cardoso deu início ao seu projeto Palácio das Esmeraldas. Desde então, ele nunca escondeu seu desejo de ser governador de Goiás e que seria candidato ao cargo novamente em 2014.
Nesse ponto, se faz necessário relembrarmos os números da pesquisa Serpes divulgada há uma semana, em quatro cenários simulados, todos com a presença de Marconi, tido como o único nome da base aliada, e de Vanderlan, hoje no PSB, também o único nome da chamada terceira via. Cenário 1: Marconi 37,5%; Vanderlan 12,9%; Júnior Friboi (PMDB) 12,2%; e Antônio Gomide (PT) 9,1%.
Cenário 2: Marconi 34,5%; Iris 26,6%; Vanderlan 12,9% e Gomide 8,4%. Cenário 3: Marconi 41,8%; Vanderlan 16,4%; Friboi 14,6%. Cenário 4: Marconi 36,2%; Iris 29,6%; Vanderlan 16,7%.
Analisemos algumas curiosidades no que se refere a Vanderlan Cardoso. No cenário 4, em que tem sua melhor pontuação, 16,7%, ele está em terceiro lugar, justamente na disputa direta com Marconi e Iris. Ou seja, exatamente o que aconteceu em 2010, quando ficou em terceiro lugar e viu esses dois adversários irem ao segundo turno.
E em dois cenários, o 1 e 3, o ex-prefeito de Senador Canedo está em segundo lugar, com índices 12,9% e 16,4%, respectivamente. Curiosamente, nesses dois cenários, Iris Rezende não participa. Isso permite uma leitura clara: uma parte do eleitorado de Iris tende a migrar para Vanderlan Cardoso.
Como Marconi lidera em todos os cenários, é de supor sem nenhuma dificuldade que inevitavelmente ele estará no segundo turno. Então, a briga dos adversários do tucano é pelo segundo lugar, para ir ao eventual segundo turno com Marconi. Portanto, Vanderlan Cardoso deve torcer para que Iris Rezende não seja candidato ao governo. Porque se Iris entrar, já era.
Sem Iris Rezende no páreo, o que a cada dia se torna mais improvável, Vanderlan Cardoso tem aumentada sua competitividade. Isso significa que o sucesso do candidato do PSB está amarrado a circunstâncias alheias. Ou seja, mesmo que ele faça tudo certinho, pode morrer na praia, mercê de um nome mais forte em totais condições de atropelá-lo na corrida, sem nem lhe dar chance de ir ao segundo round.
E há mais um fator a preocupar Vanderlan Cardoso, os índices da pesquisa espontânea. Ele teve apenas 2% de lembrança, contra 11,7% de Marconi e 3% de Iris — Friboi 1,7% e Gomide 0,7%. Se apenas 2% do eleitorado espontaneamente lembra o nome de Vanderlan Cardoso, é sinal de que seus cinco anos de campanha não ajudaram muito até agora. O bom em saber disso a mais de quatro meses da campanha propriamente dita, com rádio e TV, é que ele pode se desdobrar nesse trabalho até lá.
E é um baita trabalho a esperar o candidato e sua equipe. A favor de Vanderlan Cardoso tem sua tenacidade e obstinação. Em nome desse projeto, ele saiu do PR para o PMDB, onde ficou poucos meses e, ao perceber que dificilmente teria como alijar Iris Rezende da preferência interna do partido, foi para o atual PSB, de onde saíra Júnior Friboi (PMDB), que continua controlando a maioria de suas lideranças.
Essa mudança partidária em tão curto espaço de tempo pode dar ao eleitor a noção de Vanderlan é instável. Ele mesmo não admite essa dificuldade. Há alguns dias, em entrevista ao Jornal Opção, para se defender ele sacou o argumento de que Marconi Perillo também mudou de partido. Ou seja, misturou alhos com bugalhos, ao se comparar com quem em 30 anos de política só teve um sigla diferente antes, e não se mudou com o objetivo único de ser candidato a um cargo específico.
Em sua tenacidade política, o candidato do PSB tem a clara obsessão de ser o inquilino do Palácio das Esmeraldas. Na mesma entrevista referida antes, lembrado de suas dificuldades sobre alianças, Vanderlan respondeu: “Pelo jeito, vocês não me conhecem. Já passei por isso uma vez. Não sei se vocês acompanharam a eleição de Senador Canedo em 2004. Cheguei à convenção sozinho. Não achei um vice. Diziam que era humanamente impossível ganhar do governo do Estado — que era o mesmo que está aí — e dos coronéis do município, com seu poderio. Não havia partido coligado e o PR tinha cinco candidatos a vereador — um deles teve sete votos. Ninguém queria ser vice. Ninguém acreditava. Comecei a campanha de 2004 com 1,5% das intenções de voto, que vinham dos funcionários da minha empresa. O restante da população não me conhecia, era só de ouvir falar. Portanto, vocês podem ter certeza — e eu falo olhando no olho de cada um: quanto mais dificuldade, mais eu me animo.”
Repetindo, tenacidade é o que não falta ao homem. E não vai aqui nenhuma crítica a esse desejo ardente, pelo contrário. Que o poder seja mesmo exercido por quem tem vontade inabalável de tomá-lo, desde que o faça dentro do jogo democrático, o que Vanderlan está fazendo.
Verdade que o socialista aqui e ali comete excessos verbais e dá “caneladas”. Na sua ênfase em detratar a administração atual, muitas vezes ele “chuta” dados errados. E fazer críticas sem fundamentação rigorosa pode ser um tiro no próprio pé, já que Goiás, com todos os problemas que enfrenta, e são muitos, é um dos Estados mais arrumados do ponto de vista econômico, com as contas equilibradas e realizando obras. Calibrar o discurso pode ser mais uma dificuldade para Vanderlan Cardoso.