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Exoneração de integrantes do gabinete pessoal mantido pela ex-presidente Dilma Rousseff desaparelha equipe mais próxima de Temer

Jorge Rodrigo Araújo Messias, o "Bessias" de Dilma: símbolo do aparelhamento da máquina estatal
Jorge Rodrigo Araújo Messias, o “Bessias” de Dilma: símbolo do aparelhamento da máquina estatal

O governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) precisa entregar resultados rapidamente, para mostrar capacidade de dar resposta à difícil situação econômica que o (des)governo petista de Dilma Rousseff causou ao País. Para além de ações efetivas nos campos econômico e político, também há ações que, simbolicamente, podem marcar o início de um novo rumo na administração.

Na sexta-feira, 9, o Diário Oficial trouxe a exoneração de 14 desses assessores que integravam o Gabinete Pessoal da Presidência da República, no Palácio do Alvorada, que serviu Dilma no período em que ela esteve afastada temporariamente do cargo. As exonerações foram assinadas pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Entre os exonerados estão Jorge Rodrigo Araújo Messias, que ficou conhecido como “Bessias” ao entregar o polêmico “termo de posse” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro; o fotógrafo Roberto França Stuckert Filho; o assessor especial Olímpio Antonio Brasil Cruz; o jornalista Mario Marona, que redigia discursos e artigos; Paula Zagotta de Oliveira, que era responsável pelo Blog do Planalto; e Sandra Márcia Chagas Brandão, apelidada de “Google do Planalto”, que era responsável por fornecer rapidamente dados governamentais para Dilma durante debates. Outros oito assessores também foram exonerados.

O que interessa aqui é Jorge Rodrigo Araújo Messias, o “Bessias”, no falar truncado de Dilma ao pronunciar a palavra Messias. Além da evidente confusão mental que ficava explícita nos discursos descosidos de sentido e de aprumo vernacular, Dilma também sofria lá seu grau de afasia. Era incapaz de pronunciar certas palavras — ao que parece, Messias era uma dessas. Ou, talvez, Dilma até conseguisse falar corretamente o tal nome, mas ao dizê-lo pela primeira vez de forma errada por acidente, tenha gostado do som do “b” em lugar do “m”, achado engraçado, e resolveu manter a pronúncia estropiada. Vai saber.

Mas, quem é o tal “Bessias”?

Ele foi um dos auxiliares mais pró­ximos da ex-presidente. Anteriormente, ocupava o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e nessa condição foi identificado nas interceptações telefônicas autorizadas pelo juiz Sergio Moro como “Bessias”. “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”, disse Dilma a Lula, num dia antes da posse do ex-presidente na Casa Civil, evidente manobra para dar foro privilegiado ao ex-metalúrgico.

O diálogo entre Dilma e Lula levou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir, no começo de maio, a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente e a então presidente, sob a acusação de tentar obstruir as investigações da Ope­ração Lava Jato.

Além das negociações para o termo de posse de Lula como ministro, a investigação teve como base ainda delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS).

No pedido, Janot sustentou que a nomeação de Lula para o ministério fez parte das diversas tentativas de atrapalhar investigações criminais da operação que apura o esquema de corrupção na Petrobrás. O procurador disse que a decisão de Dilma teve a intenção de tumultuar o andamento das investigações ao tentar dar foro privilegiado ao ex-presidente, o que tiraria as investigações do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.

A exoneração de “Bessias” é simbólico do desmonte do aparelhamento que os governos petistas promoveram nos 13 anos de governo. A máquina estatal em todas as áreas virou abrigo de petistas, com polpudos salários, para servir única e exclusivamente aos interesses do partido.

“Bessias” era um desses servidores que, atuando exclusivamente no interesse do partido, ajudou a afundar o governo de Dilma Rousseff. A ex-presidente fez talvez o governo mais ruim da história do Brasil. Para isso ele teve de colocar em prática “atributos” pessoais, como sua falta de tato político, sua arrogância e sua falta de visão histórica.

Mas também contribuíram para a inépcia da gestão a equipe mal-ajambrada que Dilma montou, com gente como Aloizio Mercadante e Guido Mantega e dezenas de outras figuras sem a mínima condição para fazer uma administração minimamente funcional. Deu no que deu.

Os “Bessias” estão sendo tirados da toca. Que os substitutos sejam preparados e tenham a missão de trabalhar pelo bem do País, e não por interesses de uma sigla partidária. É um dos passos que Michel Temer precisa dar para fazer o governo de recuperação que os brasileiros esperam e precisam.