O que poderá fazer Vanderlan Cardoso?
15 novembro 2014 às 12h16

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Empresário pode querer potencializar os votos que teve em Goiânia para governador, mas há dúvida se a disputa pela Prefeitura seria producente

O socialista Vanderlan Cardoso é um político sério e provou ser um bom gestor público quando governou o município de Senador Canedo por dois mandatos. Foi (ainda é) notável a transformação que Vanderlan promoveu na cidade, que nos mandatos anteriores aos dele se viu “desgovernada”, tal a absoluta falta de capacidade administrativa de quem esteve à frente do município, para não falar no aspecto ético.
Vanderlan saiu de Senador Canedo e foi candidato a governador em 2010. Teve uma boa votação, com mais de 500 mil goianos cravando seu nome nas urnas (16% do eleitorado), mas não foi ao segundo turno. Tentou de novo o governo neste ano. Praticamente repetiu os números de 2010, o que foi uma tremenda derrota política, pois ele mesmo esperava mais. Também não chegou ao segundo turno.
Mas Vanderlan teve uma boa votação em Goiânia. Foram mais 171 mil votos, ou seja, mais de um terço do total de votos que ele obteve no Estado saíram da capital. O socialista já disse que esses números tornam “tentadora” a possibilidade de disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016. Que seja, então, uma tentação irresistível para Vanderlan.
Qualquer político, em tese, tem em vista cargos majoritários. É na cadeira do executivo que o político pode efetivamente mostrar sua capacidade de fazer, através de obras e programas sociais, criando condições que melhorem a vida da população. Vanderlan já mostrou que quer ser governador. Foi à luta duas vezes por esse sonho e nas duas vezes se deu mal.
E agora, a disputa pela Prefeitura de Goiânia também pode entrar no foco do empresário? É a pergunta que se faz no momento. Disputar só por disputar, como fez em 2010 e 2014, não adianta. Vanderlan foi para os dois embates sem renuir condições políticas. Não tinha partido. Não tinha alianças. Deu no que deu.
Para ele disputar em 2016, sabe que terá de reunir as condições políticas que não reuniu nas duas disputar governamentais. Não há dúvida de que a prefeitura da capital seria muito interessante, mantendo-o em evidência. Mas se for para uma aventura, o pequeno capital político que ele dispõe (e que encolheu na última eleição) poderá se esvair. Por essa razão, talvez seja melhor não disputar a Prefeitura de Goiânia, resistindo à “tentação” alardeada.
Por outro lado, se Vanderlan Cardoso ficar no ostracismo até 2017, esse pequeno capital político também vai para o ralo. Por isso, o que sobra para o socialista é participar ativamente das articulações municipais, e não só em Goiânia e sua base, Senador Canedo. O PSB é pouquíssimo capilarizado em Goiás, por isso o empresário vai ter de fazer um trabalho de formiguinha, fortalecendo sua legenda, articulando alianças mais orgânicas, etc. Só assim, ele chegará em 2017 (o ano pré-eleitoral) em condições de, mais uma vez, se pôr à prova no pleito ao governo. Esse é o grande sonho de Vanderlan Cardoso.

Governo admite fracasso da política econômica
Ao tentar aprovar a toque de caixa no Congresso a proposta que muda o cálculo do superávit primário, o governo deu um atestado de que sua política econômica fracassou. Diante da reação dos congressistas, o governo recuou na quinta-feira, 13, do pedido de urgência para a tramitação do projeto de lei que ajusta a meta de superávit fiscal de 2014.
A verdade é que a presidente Dilma Rousseff quer que o Congresso Nacional lhe dê um cartão de crédito sem limite para ela gastar à vontade. Lembrando que o limite de gastos do governo é determinado constitucionalmente, em respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), seguindo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Se a LDO não for modificada, a presidente estará sujeita a ser processada por crime de responsabilidade. Isso pode causar impeachment. A Lei de Responsabilidade Fiscal define em seu artigo 4º que um dos objetivos da LDO é a obtenção do “equilíbrio entre receitas e despesas”.
Não é de hoje que gastança desenfreada do governo federal vem desequilibrando a relação entre receitas e despesas, o que é denunciado diariamente pela imprensa não encabrestada do País. Mas agora o rombo ficou por demais explícito: o Tesouro acumulou até o mês de setembro um déficit de mais de R$ 15 bilhões.
A errância da política econômica de Dilma e sua pífia equipe, com o demissionário Guido Mantega, está produzindo inflação, crescimento baixo, desindustrialização, uma mistura fatal que atrasa o país. Economistas preveem que o emprego, que até então vinha ostentando bons índices, também será afetado — em outubro, a economia brasileira perdeu mais de 30 mil empregos de carteira assinada.
Dilma Rousseff tem um diploma em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduou-se em 1977. Até onde se sabe, não há porque duvidar da autenticidade desse diploma.
Já ocupante de cargos no governo gaúcho e depois no governo federal petista, ela fez constar em seu currículo que também era mestra em ciências econômicas, pela Unicamp, com título obtido em 1979, e informava ter começado, em 1998, doutorado em ciências sociais aplicadas. A imprensa flagrou contradições e Dilma corrigiu: cumpriu os créditos do mestrado, mas não defendeu dissertação; matriculou-se no doutorado, mas não concluiu.
Portanto, ela é uma economista formal. Para tristeza do País, pensa que sabe tudo de Economia. Por essa razão, Dilma foi neste governo que está terminando, a ministra da Economia de fato, relegando a Guido Mantega, o ministro da Fazenda (a quem teoricamente cabe ditar os rumos da política econômica), o papel de menino de recado. Não que Mantega pudesse ser melhor, se tivesse autonomia para tanto.
O desacerto da política econômica nos últimos quatro anos levado a efeito pela dupla Dilma-Mantega ficou explicitado na última semana, se é que tinha quem duvidasse. As contas públicas estouradas são um atestado de fracasso. E pensar que o segundo mandato nem começou.