Tucanos e emedebistas temem que Joaquim Barbosa “engula” a centro-esquerda

Geraldo Alckmin (esquerda) na cabeça de chapa com Henrique Meirelles na vice: aliança PSDB-MDB poderá contrapor crescimento de Joaquim Barbosa? | Foto: Ciete Silvério/ A2IMG
O presidente Michel Temer (MDB-SP) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, que estavam com a relação meio estremecida, voltaram a se aproximar. O objetivo: negociar um acordo que reunifique o centro político.
Reportagem do “Estadão” na semana passada conta que há uma proposta apresentada pelo Planalto, e essa chapa presidencial seria encabeçada por Alckmin com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) na vice. Ambos os lados negam. Em Goiânia, na quinta-feira, 26, Meirelles foi categórico em descartar a possibilidade de concorrer à vice do tucano.
Mas, onde há fumaça, diz o ditado, também há fogo. Alckmin não é refratário à ideia. Mas, neste momento, aliados do tucano avaliam que há muitos obstáculos para o acordo. Segundo o “Estadão”, Michel Temer, que insiste em se apresentar como pré-candidato à reeleição, teria admitido a pelo menos dois interlocutores – um do MDB e outro do PSDB – que não deve concorrer a mais um mandato. Todo mundo sabe que a viabilidade de candidatura de Temer é zero ou menos que isso. Ele também sabe.
O cálculo de Temer é que a aliança MDB-PSDB uniria o centro político e evitaria o isolamento do seu partido e de sua gestão no processo eleitoral. A proposta de um palanque unificado ganhou corpo após a mais recente pesquisa Datafolha mostrar Temer, que pode ser alvo de uma terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República, estacionado com 1% das intenções de voto.
Fator Barbosa

Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Outro fator a incentivar a aliança entre emedebistas e tucanos seria o bom desempenho do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), que registrou até 10%. Barbosa pode ocupar o espaço do centro e avançar sobre a centro-esquerda.
Fatores positivos para a aliança: mais tempo para Alckmin nos programas eleitorais de rádio e TV e seus palanques regionais. Por enquanto, MDB e PSDB continuam falando em candidaturas próprias ao governo em 12 Estados. Em contrapartida, o tucano incorporaria a seu discurso de campanha a defesa de programas do governo Temer.
A possível dobradinha entre Alckmin e Meirelles vem sendo ventilada desde o início de março. A proposta sofre resistência em parte do MDB. Mas o pragmatismo deve prevalecer no partido, pois os dois nomes da sigla para a disputa à Presidência, Meirelles e o próprio Temer, patinam nas pesquisas.
Os mandarins tucanos deram aval às negociações que, segundo interlocutores de Alckmin, partiram de Temer. A proposta foi levada ao ex-governador pelo ex-prefeito João Doria, que se reuniu com o presidente no sábado.
Geraldo Alckmin teria visto a tese com “bons olhos” e pedido ao comando de sua pré-campanha que inclua o nome de Meirelles nas pesquisas internas sobre potenciais candidatos a vice. Além do ex-ministro, estão nesta lista Mendonça Filho (DEM-PE) e Álvaro Dias (Podemos-PR).
A partir de agora, devem entrar nas negociações o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira.
Tucano na encolha
O comando da campanha de Geraldo Alckmin negou que esteja em curso a negociação para que Henrique Meirelles seja o vice do tucano. “O entorno de Alckmin credita essa informação a uma articulação do ex-prefeito de São Paulo João Doria, que é pré-candidato ao governo estadual”, divulgou na quinta-feira a repórter Maria Lima, de “O Globo”, informando ainda que a prioridade dos tucanos para compor a chapa com Alckmin seria Álvaro Dias.
Segundo os aliados do ex-governador, o ex-prefeito sugeriu a aliança a Michel Temer para tentar retirar da disputa em SP o emedebista Paulo Skaf –ou mesmo substituir Alckmin na corrida presidencial, com o apoio do MDB.
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