Alerta da terceira onda demanda por novas restrições enquanto a vacinação não avança
30 maio 2021 às 00h00
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Escalada de casos e óbitos pode tornar situação mais crítica que na crise anterior; É preciso sensibilidade para retomar medidas restritivas que salvem vidas
Nas últimas semanas se tornou natural pessoas sem máscaras nas ruas e comércios, assim como a promoção da aglomeração em Goiânia. Um olhar desatento permitia se esquecer por alguns minutos que estamos em meio a uma pandemia que ainda resulta em muitas mortes diárias e incertezas. As regras frouxas de distanciamento nos expuseram a uma nova onda e a novas cepas. O que desperta em nós o sinal de alerta são as restrições das atividades econômicas, que nos gritam aos ouvidos “a coisa tá feia”.
A possibilidade de uma terceira onda da pandemia do novo coronavírus, o avanço da cepa indiana (que depois do Maranhão e do Ceará, transitou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro) e o lento avanço da vacinação contra a Covid-19 colocam em risco a população mais jovem. As pessoas com menos de 60 anos são as vítimas da vez, até porque foram menos vacinadas, e se tornaram maioria das internações. Estes são os gatilhos para uma nova crescente de casos de vítimas da pandemia no Brasil. Eles já foram disparados e a crise pode ganhar contornos mais acentuados já em junho, se não houver consenso nacional para restringir a circulação de pessoas.
Esse cenário levou o prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos) a anunciar restrições que passam a valer nesta segunda-feira, 31 de maio. São medidas ainda tímidas. Nenhum setor deverá ficar fechado totalmente. Apenas há limitações em horários de funcionamento.
Como os infectologistas e autoridades sanitárias já vinham alertando, a terceira onda bate à porta. E logo prefeitos e governadores terão como único meio de desafogar o sistema de saúde as medidas restritivas, bem maiores das que já foram anunciadas em Goiânia. Não será possível fugir de novas determinações que impeça aglomerações e o fluxo de pessoas. Infelizmente, enquanto a vacina não é suficiente para todos, viveremos o abre e fecha constante.
Assim como temos um grande anseio pela vacina, já estamos fartos do necessário isolamento e distanciamento. E claro que essa indisposição da população, que já está há mais de um ano enfrentando a pandemia, se volta contra quem está determinando as restrições. Forçar o isolamento por meio de decreto é algo que traz danos políticos e impasses com a sociedade de forma que nenhum gestor quer. Mas há de se reconhecer que foram essas medidas que permitiram o mínimo controle que se pode ter ao enfrentar a doença que já matou mais de 450 mil brasileiros.
As mesmas medidas restritivas que são tomadas com constância desde o início da pandemia, tem como oposição o governo federal, que se mostra contraditório em relação a apoiar mais uma fase de isolamento. Nas suas últimas declarações sobre o assunto, o presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar o controle sanitário de estado de sítio e disse que entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as medidas adotadas por governos de estados e municípios.
Normas para nortear as medidas de proteção para não propagação da doença serão impostas. Uma busca pelo equilíbrio que prima pela segurança da vida. A Câmara de Goiânia e setor produtivo avaliam como acertada a gestão da pandemia pela administração do prefeito Rogério Cruz em relação aos decretos que permitem tanto a flexibilização quanto às restrições em momentos que as medidas são exigidas.. Vereadores e empresários afirmam que Rogério encontrou a dosagem certa das medidas restritivas de funcionamento das atividades econômicas.
Ao apresentar os detalhes do decreto que entra vigor nesta semana, a equipe do secretário da Saúde, Durval Pedroso, lembrou que dar um passo atrás agora seria um remédio menos amargo do que ações mais radicais, como o fechamento total do comércio não-essencial – algo que não está descartado, mas que só ocorrerá caso a terceira onda cause um colapso no sistema de saúde.
“Melhor restringir agora do que fechar tudo novamente”, afirma o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi Carneiro. “Precisamos apoiar as iniciativas da prefeitura. Vamos juntos defender vidas e os nossos negócios”, diz o dirigente classista
É preciso conter a euforia pela “melhora” que aconteceu recentemente e seguir cumprindo as regras de distanciamento. É fundamental não haver aglomeração. A batalha contra esse vírus traiçoeiro é longa, cheia de altos e baixos, e devemos permanecer atentos e unidos para superar essa enorme adversidade.