Até o dia 4 de março de 1974, a travessia entre Rio de Janeiro e Niterói era feita de duas formas: pelas barcas ou de carro contornando a Baía da Guanabara. Era uma viagem longa. Desde 1875 se pensava em construir uma ponte que ligasse as duas cidades. O projeto só começou a sair do papel em 1969.

Silvio Santos era um dos cariocas que sempre se deslocava de uma cidade para a outra pelas barcas. Quando ele ainda era apenas Senor Abravanel, teve uma ideia que o ajudaria e muito a se transformar em Silvio Santos. A travessia pelas barcas era cansativa e enfadonha, então, ele resolveu instalar serviço de som, montar bares e vender refrigerantes e cervejas para quem transitava pela Baía de Guanabara. Silvio fez uma parceria com a Antártica para vender as bebidas e convidou artistas para se apresentarem nas barcas. A ideia foi um tremendo sucesso e fez Silvio Santos ganhar uma grana. Ainda bem que a Ponte Rio Niterói não foi inaugurada na década de 1950. Talvez Senor Abravanel seria mais um na multidão que pegava uma barca e cruzava a Guanabara.

O ministro Mário Andreazza foi um dos maiores entusiastas da construção. O cineasta Jean Manzon fez um curta metragem mostrando o canteiro de obras e a ponte criando forma. Eram tempos de ditadura e os militares abusavam da propaganda e do nacionalismo. O presidente Emílio Médici foi quem cortou a fitinha. A partir daquele momento, a ponte com 13,2 km de extensão e 72 m de altura encurtaria a travessia do Rio de Janeiro até Niterói. Hoje em dia, a Ponte Rio Niterói é uma parte da BR-101, rodovia que percorre o litoral brasileiro. Apesar de todos os confetes, uma tragédia marcou sua história. A cantora e compositora Maysa morreu em um acidente de carro na Ponte Rio Niterói, em 1977.

Eu e minha família estivemos no Rio de Janeiro em 1987. Nós passamos pela ponte, mas eu não me lembro dela. Lembro de vê-la imponente quando desci no Santos Dumont. Não basta simplesmente encurtar a travessia entre o Rio e Niterói, tem que embelezar a Guanabara e provocar desejo de ser vista no turista que visita a Cidade Maravilhosa.