Adolpho Bloch inaugurava na noite do dia 5 de junho de 1983 a Rede Manchete. No seu discurso de abertura, ele disse que a sua emissora preparava uma programação de qualidade e agradeceu as outras emissoras e recordou a amizade de meio século com Roberto Marinho, o dono da Rede Globo. Logo em seguida, entrava no ar, pela primeira vez, a belíssima vinheta de abertura que anunciava mais um dia de atrações. A Manchete começou sua programação com “O mundo mágico” apresentando artistas da nova geração e alguns já não tão novos.

Eu tenho um carinho muito grande pela Manchete. Já escrevi vários posts aqui sobre ela. Minha infância foi marcada pelos desenhos japoneses, pela Angelica. Eu não via os carnavais que ela transmitia e, na época, nem fiquei sabendo do borogodó que foi a disputa entre Manchete e Globo pelos direitos de transmissão dos desfiles de escola de samba na inauguração da Sapucaí, em 1984. Os cinquenta anos de amizade entre Bloch e Marinho não foram suficientes para um acordo.

A sede da Manchete ficava na Rua do Russel, no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. A vista para a Baía de Guanabara deveria ser incrível e inspirava muitos. Fernando Barbosa Lima escreveu no seu livro “Nossas câmeras são seus olhos” um diálogo com Adolpho Bloch. Ele queria fazer um programa em preto e branco. Bloch disse: “Fernando, gastei 40 milhões de dólares para montar uma TV em cores. Não posso admitir um programa, como você quer, em preto e branco”.

A Rede Manchete saiu do ar em 1999. A emissora do ano 2000 encerrou suas atividades no ano anterior.