Pasquim: o semanário crítico e autocrítico que balançou a ditadura
26 junho 2023 às 11h14
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“‘O Pasquim’ surge com duas vantagens: é um semanário com autocrítica, planejado e executado só por jornalistas que se consideram geniais e que, como os donos dos jornais não reconhecessem tal fato em termos financeiros, resolveram ser empresários. É também um semanário definitivo – a favor dos leitores e anunciantes, embora não seja tão radical quanto o antigo PSD. Até agora ‘O Pasquim’ vai muito bem — pois conseguimos um prazo de trinta dias para pagar as faturas. Este primeiro número é dedicado à memória do nosso Sérgio Porto, que hoje deveria estar aqui conosco. No mais, divirtam-se – enquanto é tempo e não chega o número dois”.
A primeira edição do ‘Pasquim’ foi lançada no dia 26 de junho de 1969. Tempos difíceis no país, tempos de AI-5. O semanário começava seus trabalhos no final de uma década intensa, de grandes agitações aqui e lá fora. Tarso de Castro, Paulo Francis, Millôr Fernandes, Jaguar, Henfil, Sérgio Cabral entre outros fizeram parte da redação. Além do humor, do deboche, tinha também entrevista. A da Leila Diniz teve que ter muitos símbolos gráficos para substituir os palavrões. Eu lembro do Pasquim 2000, uma tentativa dos remanescentes do lendário semanário para dar uma nova roupagem para o século XXI que estava prestes a começar. Mas, não deu muito certo.
O texto publicado na primeira página da primeira edição faz uma menção a Sérgio Porto, o popular Stanislaw Ponte Preta, que fazia um jornalismo crítico e bem- humorado. Ele morreu em 1968. O Pasquim trazia também uma entrevista com Ibrahim Sued, “o imortal sem fardão”.
Para saber mais sobre o jornal “O Pasquim”
O livro “O Rato de Redação — Sig e a História do Pasquim” (Matrix, 192 páginas), de Márcio Pinheiro, é uma boa introdução à história do jornal.