“De repente, do amontoado de gente esperando ansiosamente no vagão, surge um grito: ‘Olha a tabuleta: Auschwitz!’ Naquele momento, não houve coração que não se abalasse. Todos sabiam o que significava Auschwitz. Esse nome suscitava imagens confusas mas horripilantes de câmara de gás, fornos crematórios e execuções em massa. O trem avança lentamente, como que hesitando, como se quisesse dar aos poucos a má notícia à sua desgraçada carga humana: Auschwitz.” Viktor Frankl em “Em Busca de Sentido” (páginas 22 e 23).

Viktor Frankl era médico e sobrevivente de Auschwitz, campo de extermínio instalado pelos nazistas das Alemanha na Polônia. No livro “Em Busca de Sentido”, ele fala sobre a sua experiência naquele campo de concentração. Vale a pena a leitura.

Famílias eram desfeitas, pessoas se transformavam em números. Quem entrava naqueles vagões de trem pressentia a morte chegando. O odor dos corpos carbonizados, os berros dos soldados nazistas, histórias de vida se desfazendo a cada passo naquele campo.

Os primeiros prisioneiros desembarcaram em Auschwitz no dia 20 de maio de 1940. A Segunda Guerra Mundial já tinha começado e os nazifascistas não paravam de avançar pela Europa.

Como lembrou Frankl em seu livro, a tabuleta com o nome daquele campo de concentração fazia tremer os vagões que chegavam e amedrontava quem estava dentro deles.

Sobreviventes de um dos mais letais campos de extermínio dos nazistas da Alemanha, Auschwitz, localizado na Polônia | Foto: Reprodução

Acredito que hoje em dia, Auschwitz seja um total silêncio. Adentrar naquele lugar de morte deve se exigir o máximo de respeito daqueles que morreram sem despedidas, sem cerimônias. Ou talvez o silêncio seja o mínimo que podemos fazer para homenagear as vítimas do holocausto.

O papa Bento XVI visitou Auschwitz em 2006 e disse: “Num lugar como este faltam as palavras, no fundo pode permanecer apenas um silêncio aterrorizado um silêncio que é um grito interior a Deus: Senhor, por que silenciaste? Por que toleraste tudo isto? É nesta atitude de silêncio que nos inclinamos profundamente no nosso coração face à numerosa multidão de quantos sofreram e foram condenados à morte; todavia, este silêncio torna-se depois pedido em voz alta de perdão e de reconciliação, um grito ao Deus vivo para que jamais permita uma coisa semelhante”.

Trecho do livro de Nikolaus Washsmann

Auschwitz: neste campo de extermínio foram assassinados milhares de judeus

“Os nazistas assassinaram ali [em Auschwitz] quase 1 milhão de judeus, mais que em qualquer outro lugar. E somente em Auschwitz se acabou, de maneira sistemática, com a vida de judeus procedentes de todo o continente, deportados para a morte desde a Hungria, Polônia, França, Holanda, Grécia, Tchecoslováquia, Bélgica, Alemanha, Áustria, Croácia, Itália e Noruega. Em parte, aquele campo resultou tão letal porque esteve em funcionamento muito mais tempo que outros campos de extermínio.” Do livro “KL — Uma Historia de los Campos de Concentración Nazis” (Crítica, 1100 páginas, tradução de Cecilia Belza e David Léon), de Nikolaus Wachsmann, professor da Universidade de Londres.