A luz no fim do túnel nem sempre é sinônimo de esperança. Pode ser o trem vindo na direção contrária ou pode ser o Carlos Luz impedindo a posse de Juscelino Kubitschek. O trem pode vir que não passa pelos tanques do Marechal Henrique Lott. Ele colocou suas tropas nas ruas do Rio de Janeiro em 11 de novembro de 1955, retirou Luz do poder e empossou Nereu Ramos na Presidência. E impediu o retorno de Café Filho, que se afastou do poder para tratar de um problema cardíaco.

Naquela época, as crises políticas respingavam nos quartéis. Tinha militar que jogava lenha na fogueira, mas também tinha militar que apagava incêndio. Lott jogou água no fogo udenista que queria queimar a transição de poder. A gente até entende o desespero da UDN. Era a terceira eleição presidencial que o partido perdia. Se naquela época existisse a Rede Globo (só existia o jornal O Globo), o partido poderia pedir música no Fantástico. Se eles vem com golpe, Lott traz o contragolpe.

Com Nereu na Presidência, os eleitos presidente Juscelino Kubitschek e o vice João Goulart poderiam dormir tranquilos porque a posse deles no dia 31 de janeiro estava assegurada. Quem vê o governo JK, os seus “50 anos em 5”, muitas vezes se esquece a labuta que foi chegar lá.