O dia que Pedro Ludovico entregou o cargo de interventor federal
05 novembro 2025 às 12h00

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O mês de novembro de 1945 começou intenso em Goiás. Os dias de Pedro Ludovico Teixeira a frente do Governo de Goiás estavam com os dias contados. Interventor federal desde 1930, Ludovico percebeu que não tinha condições de continuar exercendo o cargo logo após a renúncia de Getúlio Vargas. Ele enviou um telegrama para o novo Presidente, José Linhares, colocando à disposição o cargo de interventor.
A resposta da Presidência veio no dia 5 de novembro. O escolhido para suceder Pedro Ludovico foi o desembargador Eládio de Amorim (foto 2). A posse aconteceu à noite, no Palácio da Justiça, em Goiânia. No dia seguinte, o novo interventor federal em Goiás se dirigiu ao Palácio das Esmeraldas para se encontrar com o seu agora antecessor. Pedro fez um discurso emocionado. Um filme deve ter passado em sua cabeça. Quinze anos antes, aquele mesmo lugar onde acontecia aquela transmissão de poder, era um lugar inabitado, apenas cerrado. De 1930 a 1945, Goiás deixou de ser o passado colonial para se tornar o símbolo da Marcha para o Oeste com a sua nova capital.
Eládio de Amorim também fez seu discurso. Expressou o desejo de governar Goiás contando com o apoio de “todas as correntes políticas sob o mais absoluto rigor democrático”. Terminada a cerimônia, Eládio levou Pedro até a porta do Palácio das Esmeraldas. O povo que aguardava do lado de fora o conduziu nos braços até a sua casa, perto dali. Com lágrimas nos olhos, ele não conseguiu esconder a emoção. É preciso estar fora do poder para se ter consciência do que foi feito.
Aquilo ali não era o fim. Tanto Getúlio Vargas quanto Pedro Ludovico voltariam aos cargos dos quais se despediram em novembro de 1945. Cinco anos depois, ambos voltariam ao poder nos braços do povo e não por meio de revolução.
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