Tim Maia subiu ao palco do Teatro Municipal de Niterói na noite do dia 8 de março de 1998 para mais um show. Dessa vez ele foi. Já virou lenda as suas faltas nos shows. Mas as mulheres de Niterói ganhariam como presente no seu dia um show de Tim Maia. Não tinha como ele não ir. Não faria essa desfeita.

A banda Vitória Régia, que sempre o acompanhava, deu os acordes de “Vale Tudo”. Tim Maia reclamou do som. “Mais retorno pra mim”. O público riu. Mas, ao começar a cantar “Vale, valeu tudo”, a voz falhou. Tim Maia não conseguia cantar. Como assim, a lenda do funk e da soul music do Brasil sem voz? Os músicos continuaram tocando sem saber o que estava acontecendo. Vai ver é mais uma mania do Tim. Só que não. Era algo mais grave. Tim Maia saiu do palco para nunca mais voltar. Uma semana depois, no dia 15 de março de 1998, o síndico deixaria o prédio para sempre.

Erasmo Carlos, Tim Maia e Roberto Carlos: três talentos | Foto: Reprodução

O show encerrado inesperadamente foi capa de revista e matéria de telejornal. Eu vi no “Jornal Hoje” o que aconteceu com Tim Maia. Lembro de tê-lo visto no ano anterior no “Jô Soares 11 e Meia”, no SBT. Ele foi internado com edema pulmonar. Nesse período de internação, contraiu uma infecção e morreu.

Lembro de ver uma foto de Erasmo Carlos chorando muito. Os dois eram amigos de infância, dos tempos que moravam na Tijuca e sonhavam em ser roqueiros famosos. Na verdade, eram três: Tim, Erasmo e Roberto Carlos. Eles e mais outros amigos fundaram o The Sputniks, uma banda de rock. Logo apareceu a oportunidade de tocar no Clube do Rock, um programa que Carlos Imperial tinha na TV Tupi. Aliás, foi Imperial que inventou o nome Tim Maia.

Na década de 1990, Jorge Benjor fez muito sucesso com a música W/Brasil. Um dos versos dizia que ele iria chamar o síndico Tim Maia. O único problema era chamar o síndico e ele não aparecer. Mas quando aparecia não tinha para ninguém.