Os jornais brasileiros não tinham correspondentes na Europa para mandar informações do que estava se passando por lá. Além disso, as comunicações não eram tão rápidas.

Hoje, um repórter pode entrar ao vivo em qualquer emissora usando apenas um celular. No começo de agosto de 1914, as agências de notícia enviavam informações nada animadoras para os jornais brasileiros. Depois do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, a Europa estava por um triz de começar uma guerra.

O jornal “A Epoca” (sem acento agudo), do dia 2 de agosto de 1914, informava: “Infelizmente, é inevitável a conflagração europeia. Os primeiros despachos telegráficos, conquanto mostrassem desde logo a gravidade da situação, eram, entretanto, de molde a justificar a esperança de que o conflito viesse a ser evitado. Os fatos posteriores, porém, vieram colocar a questão noutro pé, tornando impossível a solução pacífica. A Alemanha enviou ontem à Rússia e à França um ultimatum cujos termos, até a hora em que estas linhas são escritas, não são bem conhecidos. Mas, para que se avalie uma das consequências desse ultimatum do governo alemão, basta que se conheçam os termos da resposta que ao mesmo deu o governo francês: ‘A França está disposta a invadir o território da Alemanha, tão depressa se tenha completado a mobilização de suas forças’”.

Guerra nas trincheiras | Foto: Reprodução

O mesmo jornal informava também que o “Times”, da Inglaterra, dizia que “sobre a Europa já se sentem agitarem as asas do anjo da morte”.

Era a Primeira Guerra Mundial, começando em 1º de agosto de 1914, a destruir a Belle Époque. Era o primeiro horror dos muitos horrores vividos pela humanidade durante o século passado. Começava a guerra das trincheiras que mataria milhões de pessoas e deixaria um legado de muita destruição e ressentimento. A Segunda Guerra Mundial é “filha” dos problemas não “resolvidos” pela Primeira Guerra Mundial. Tanto que, mais uma vez, a Alemanha estava no centro do palco.