Getúlio Vargas foi o primeiro Presidente da República a visitar Goiânia. Ele desembarcou aqui no dia 5 de agosto de 1940. Nessa época, o Aeroporto funcionava onde hoje é o Setor Aeroporto. Dá para imaginar a pista de pouso lotada de gente para ver de perto o ilustre visitante. A comitiva presidencial deixou o aeroporto e seguiu para o Hotel Ypiranga, que ficava próximo à Praça do Bandeirante, onde Vargas iria descansar um pouco tendo em vista a extensa agenda que ele deveria cumprir por aqui.

É claro que a segurança do Presidente foi reforçada. Convidado de honra de Pedro Ludovico, Vargas poderia muito bem se hospedar no Palácio das Esmeraldas ou no Grande Hotel. Mas o presidente ficou hospedado no Hotel Ypiranga, perto da Praça do Bandeirante. Isso pra lhe garantiria maior segurança. Gregório Fortunato, o famoso “Anjo Negro”, era o chefe da segurança presidencial. Pelo bem estar do seu patrão, ele reservou um quarto no Ypiranga, no segundo piso. E o próprio Fortunato ficou na escada do segundo andar para garantir o descanso de Vargas e que ninguém o perturbasse.

Em Goiânia, a única pessoa que teria livre acesso a Getúlio Vargas era Pedro Ludovico. E o interventor usou dessa prerrogativa para subir as escadas do Ypiranga e bater um papo diretamente com o chefe do Executivo do Brasil. Mas, Gregório Fortunato lá estava de prontidão na escada. Ele não conhecia Pedro Ludovico, então jamais ousaria bater na porta do quarto onde estava Getúlio para perguntar se um desconhecido poderia entrar. Imagine a cara do interventor goiano tentando se apresentar e só ouvindo não ou até mesmo algum gesto ríspido.

Foi preciso alguém avisar a Gregório Fortunato que aquele homem era Pedro Ludovico Teixeira, fundador de Goiânia, interventor federal em Goiás. Fortunato pediu desculpas e abriu passagem para que Pedro finalmente se encontrasse com Getúlio. A fidelidade de Gregório ao presidente o faria personagem da crise de agosto de 1954 que levou Vargas ao suicídio.