Hoje com 74 anos, Fernando Affonso Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o golpe civil-militar de 1964. Por sinal, embora seja um político de Alagoas, nasceu no Rio de Janeiro, em 1949.

Fernando Collor conquistou o eleitor em 1989 se apresentando como um jovem moderno, caçador de marajás (ou de maracujás, de acordo com seus críticos) e contando com uma ajudinha da Rede Globo e de outros meios de comunicação (a “Veja” o colocou na capa como “caçador de marajás).

Presidente, Fernando Collor subiu a rampa do Planalto prometendo acabar com a inflação e desenvolver o país. Mas o que se viu foi um plano econômico que tomou nosso dinheiro da poupança.

Fernando Collor foi acusado de ter as contas pagas pelo ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC (mais tarde, assassinado). A acusação foi feita pelo seu irmão Pedro Collor.

Nessa época, o SBT mostrava todo domingo “A semana do presidente”, um compacto dos feitos do chefe da nação durante sete dias. Com a narração do Lombardi, nós vimos Collor recebendo a Professora Helena, da novela Carrossel, andando de jet ski no Lago Paranoá e morando na Casa da Dinda, a nova residência presidencial. Por trás desse auê todo, as relações de Collor com o Congresso se desgastavam e, à medida que as denúncias da imprensa e o trabalho da CPI do PC seguiam, o impeachment se tornou uma realidade.

Fernando Collor acusava a oposição de “sindicato do golpe” e pediu para o povo sair às ruas de verde e amarelo em seu apoio. O que se viu foram jovens vestidos de preto, com a cara pintada pedindo a sua saída. O processo de impeachment foi aceito pela Câmara e Fernando Collor teve que sair correndo do poder. Seu vice Itamar Franco assumiu o cargo com seu topete tão característico e, com o apoio do ministro Fernando Henrique Cardoso, criou o Plano Real, que recuperou a economia do país.

O impeachment passou da Câmara para o Senado. Na última tentativa de parar o processo e manter os direitos políticos, Fernando Collor apresentou a renúncia ao Congresso em 29 de dezembro de 1992. Aquele fim de ano foi mais agitado que festa de réveillon. Fernando Collor se unia ao marechal Deodoro da Fonseca e Jânio Quadros (um político de Alagoas dizia que Fernando Collor era o Jânio sem caspas) como presidentes que renunciaram. A Nova República redemocratizou o país, mas não acabou com as crises. Aliás, mesmo numa democracia plena, as crises são frequentes. Nunca acabam.