Na ditadura, o político Pedro Ludovico deu lugar ao médico Pedro Ludovico

A legenda desta foto chama a atenção: Pedro Ludovico é chamado de médico. Por que não interventor, governador, senador? É que em 1974 ele integrava a lista das pessoas que foram cassadas pelos militares. Quando perdeu seus direitos políticos, em 1969, era senador. Para não ter problemas com a ditadura, era melhor lembrar na legenda da foto a sua formação acadêmica. Pedro Ludovico formou em Medicina no Rio de Janeiro. Mas foi em Goiás que ele fez sua carreira política.

Apesar da perda dos direitos políticos, apesar de não exercer nenhum cargo público, Pedro jamais perdeu a condição de fundador de Goiânia. E isso é reafirmado na legenda da foto.

Outubro era o mês que Pedro Ludovico era mais lembrado para falar sobre a Revolução de 1930, para ser homenageado pelo seu aniversário ou para falar da fundação de Goiânia. Ele publicou seu livro de memórias no qual repassava a sua trajetória política. Esse livro poderia ser relançado para que as novas gerações saibam quem foi e o que fez Pedro Ludovico Teixeira, médico, político e fundador de Goiânia. E pai de Mauro Borges, que foi governador de Goiás.

A ditadura colocou no ostracismo as principais lideranças civis. A cassação dos direitos políticos não era apenas o banimento da participação política, mas o esquecimento, a reescrita da história por um viés político e não como as coisas aconteceram. Não foi o médico Pedro Ludovico que fundou Goiânia. Foi o político Pedro Ludovico que transferiu a capital de Goiás para uma nova cidade