Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e a primeira sucessão de Brasília

11 janeiro 2024 às 11h32

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Em 1960, Juscelino Kubitschek entregava ao Brasil sua nova capital. Assim, o líder mineiro cumpriu a promessa feita a Toniquinho da Farmácia no comício que fez em Jataí, no interior de Goiás, de que iria transferir a capital federal para o Planalto Central. Além disso, Juscelino cumpria outra promessa de campanha: a de passar a faixa presidencial para o seu sucessor em Brasília.
Naquele ano, o Brasil teria mais uma eleição presidencial. Ao contrário dos outros pleitos, a UDN tinha chance de vencer e, para isso, investiu na candidatura do governador de São Paulo, o sul-mato-grossense Jânio Quadros (1917-1992). Do lado do governo, pelo PSD, o ministro da Guerra, marechal Henrique Teixeira Lott, foi o escolhido. Ademar de Barros, do PSP (partido do goiano Alfredo Nasser), era o outro candidato. Ao contrário da última eleição, em 1955, o clima estava mais ameno.
Com a inauguração de Brasília, Juscelino Kubitschek começou a despachar de lá. Sua popularidade estava em alta, mas isso não significou transferir votos para o candidato governista. A campanha de Lott não empolgava — ao contrário de Jânio Quadros que popularizou a vassoura como símbolo do combate à corrupção (um precursor de Fernando Collor, em termos de marketing político). Longe de Juscelino, Jânio fazia críticas ao governo federal. Perto dele, predominava a cordialidade.
Lott não empolga e Jânio vence
A foto deste texto mostra o então candidato da oposição sendo recebido pelo ainda presidente, em 1960, no Palácio da Alvorada. As curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer podem ser vistas pela janela. A calmaria de Brasília contrastava com o barulho de São Paulo governada por Jânio. Ele não abriu mão do seu cigarro. Naquela época, se podia fumar em prédios públicos e lugares fechados. E, tudo indica, Jânio bebia a rodo.
Os dois personagens dessa foto se reencontrariam em janeiro de 1961. Era Jânio o sucessor de Juscelino e o primeiro a tomar posse em Brasília. A nova capital deixava de ser um lugar tranquilo para se tornar o centro do poder e das crises políticas. Jânio renunciou no mesmo ano. Há quem diga que, “uisquezofrênico” (e não esquizofrênico), assustou-se com forças ocultas vistas numa garrafa de uísque e optou pela renúncia, “fugindo” de Brasília.
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