“Joana d’Arc não ficou imobilizada numa encruzilhada, quer rejeitando todos os caminhos como Tolstoi, quer aceitando-os a todos como Nietzsche. Ela escolheu um caminho e foi por aí fora, como um raio. (…) Joana d’Arc tinha tudo isso, com esta grande diferença: ela para além de admirar a pobreza, era efectivamente pobre; enquanto que Tolstoi era apenas um aristocrata tentando desvendar o segredo da pobreza. E penso no que existe de coragem, orgulho e patético no pobre Nietzsche, na sua revolta contra o vazio e conformismo do nosso tempo, no seu grito pelo aprumo extático perante o perigo, na sua ânsia pela investida de grandes cavalos, no seu grito às armas. Bem, Joana d’Arc tinha tudo isso, e com esta diferença: ela não elogiava a guerra, ela combateu. Sabemos que ela não temia um exército, enquanto Nietzsche, por tudo o que sabemos, até de uma vaca tinha medo.”

Assim escreveu G.K. Chesterton em seu livro “Ortodoxia” sobre aquela camponesa que viveu no século XV, na França, e mobilizou seu povo durante a Guerra dos Cem Anos. Quem diria que aquela menina simples lideraria as tropas francesas contra os ingleses num campo de batalha.

Joana D’Arc teve uma visão no qual São Miguel a instruía a se apresentar ao rei da França, Carlos VII, para ajudar a libertar o seu país das mãos do inimigo. Quem acreditaria nela? Quem pararia para ouvi-la? Pois Carlos VII a ouviu e a enviou para o campo de batalha. Na guerra, Joana lutou e ajudou a libertar Orleans das mãos dos ingleses.

A participação de Joana D’Arc na guerra foi determinante para que a França reagisse e aplicasse severas derrotas à Inglaterra. Mas quem disse que os ingleses entregariam a vitória? Em 1429, a derrota dos franceses no Cerco de Paris abalou o apoio à Joana D’Arc. No ano seguinte, ela foi capturada e entregue aos ingleses. Foi julgada e condenada à morte na fogueira em 30 de maio de 1431.

Mas sua história não terminava ali. No começo do século XIX, Joana D’Arc se tornou símbolo nacional na França. A Igreja também a reabilitou e em 1909 a beatificou. Em 1920, o Vaticano a reconheceu santa. Como disse Chesterton, Santa Joana D’Arc jamais se imobilizou.