Quando vi a notícia no Jornal Hoje do dia 11 de outubro de 1996 que Renato Russo morreu, eu só me lembrei que era aquele cantor que cantava “Strani Amori” cujo clipe aparecia no Disk MTV. Eu não sabia mais nada sobre ele até a reportagem do Jornal Hoje mostrar quem ele era, as belíssimas canções que ele compôs junto com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Sua voz forte, que lembrava muito a voz do Jerry Adriani, se transformou no grito de uma geração.

Naquela época, eu cursava a 7a série do Fundamental. Entrei na sala de aula e tinha colegas comentando sobre a morte do Renato. Na aula de Língua Portuguesa, a professora levou o toca CD e colocou a música “Há Tempos” para a gente ouvir. Uma colega cantava de olhos fechados chorando muito. Ali eu fui entendedo o que foi a perda daquele cara para muitos jovens. Renato Russo não era apenas o cantor de “Strani Amori”. Era muito mais que isso. Ele era o líder da Legião Urbana, uma banda que nasceu nas quadras da Asa Sul de Brasília para conquistar o país inteiro.

Um amigo me emprestou um CD “Mais do mesmo”, uma coletânea de músicas da Legião. Foi ali que ouvi pela primeira vez “Será”, “Pais e Filhos” e “Giz”, a minha preferida. Uma música vai puxando outra música e do CD de coletâneas eu já queria ouvir os discos da Legião. Meu irmão tinha alguns e me emprestou para ouvir. Aí não parei mais. Até tentei tocar as músicas no violão comprando revistas de cifras na banca da Praça do Sol, mas, para o bem dos ouvidos dos outros, não dei prosseguimento.

Em 1997, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá lançaram o disco “Outra estação”, o último álbum da Legião. Meu irmão comprou o CD e claro que pedi emprestado para ouvir. A música “Sagrado Coração” é a minha preferida. Infelizmente não tem a voz do Renato, apenas o instrumental e a letra, que é belíssima. Na época da gravação, ele estava bastante doente por causa da AIDS. Doença que o matou e deixou órfãos uma geração de jovens e um menino que só o conhecia pelo clipe “Strani Amori” que passava no Disk MTV.