Conheça o presidente da República que se casou no exercício do mandato… e com uma caricaturista
12 maio 2023 às 19h29
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Imagine se um presidente da República se casasse no exercício do seu mandato. Até hoje, apenas o marechal Hermes da Fonseca fez isso. Logo após a morte da sua mulher, ele se casou em 1913 com Nair de Tefé von Hoonholtz, uma caricaturista, uma mulher, diria Stanislaw Ponte Preta, “prafrentex”, participante das primeiras comemorações do Ano Internacional da Mulher.
Hermes da Fonseca estava no segundo ano de mandato quando se casou novamente.
O nosso oitavo presidente da República nasceu em 12 de maio de 1855 — sendo o primeiro gaúcho a assumir o Executivo federal.
Hermes da Fonseca era militar e sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca. Desde 1894, quando Floriano Peixoto entregou o poder a Prudente de Morais, que um militar não era presidente.
O marechal Hermes foi eleito em 1910 derrotando Rui Barbosa, o candidato do movimento civilista, que buscava justamente evitar a eleição de um militar. A República da Espada dilacerou o coração dos republicanos. Outro fardado na Presidência? Fazer o quê?! O voto era aberto e as fraudes aconteciam à luz do dia.
Hermes da Fonseca governou o país de 1910 a 1914 e, tal qual seus antecessores, enfrentou revoltas: a da Chibata e a do Contestado. Ele renegociou nossa dívida externa e criou aquela que talvez seja o símbolo mais conhecido da Presidência da República: a faixa presidencial. Hermes foi o primeiro a usá-la e transferi-la para o seu sucessor.
Assim que deixou a Presidência, Hermes da Fonseca atuou no Clube Militar, mas foi em 1922 que seu nome voltou à tona. Nas cartas falsas atribuídas a Arthur Bernardes, ele foi chamando de “sargentão sem compostura”. Deu o maior borogodó.
Se na Presidência, Hermes combateu revoltas, depois da Presidência, participou delas. A do Forte de Copacabana teve suas digitais. Ele ficou preso por seis meses, mas foi solto por um habeas corpus.
Hermes morreu em 1923, ao lado de sua segunda mulher, Nair de Tefé, em Petrópolis. Um amor sobe a serra e supera o poder.
Nair de Tefé valorizava a arte, inclusive a música de Chiquinha Gonzaga.