Muitas moças diziam em 1930 que Washington Luís rompeu a política do café com leite porque ele não era nem café e nem leite. Ele era um pão (leia mais adiante do latin lover). O último presidente da República Velha seguiu o mesmo caminho dos seus antecessores: barba, cabelo e bigode no estilo. Desde Deodoro da Fonseca que os chefes do Executivo tinham pelos no rosto. Será que existia um acordo entre as oligarquias para eleger um candidato barbado? Talvez fosse sinal, digamos, de macheza.

Washington Luís fez sua carreira política em São Paulo, mas nasceu em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. Ele era chamado de “Paulista de Macaé”. Seu mandato começou em 1926 e o presidente investiu na construção de rodovias.

Washington Luís enfrentou a crise do café em decorrência da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. No começo do governo, seu ministro da Fazenda era Getúlio Vargas, o mesmo que o tiraria do poder.

Quando estourou a Revolução de 1930, Washington Luís acreditava na derrota dos rebeldes, mas quem perdeu foi ele. Trancado no Palácio Guanabara para resistir à revolução, foi preciso o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Sebastião Leme, convencê-lo a se entregar. Um rapazinho chamado Roberto Marinho — dono de “O Globo” —colocou alguns galhos de árvore na frente do carro que conduziria o já ex-presidente até o Forte de Copacabana. Ele queria fazer o registro da saída de Washington Luís do poder. Era a primeira vez que o Doutor Roberto testemunhava a queda de um presidente.

O ex-presidente foi exilado e morou nos Estados Unidos e na Europa. Em 1947, Washington Luís voltou para o Brasil, mas não queria saber de política. O “Paulista de Macaé” morreu em 4 de agosto de 1957, mantendo a barba, o cabelo e o bigode no estilo.

Presidente Washington Luís com ministros, como Getúlio Vargas (primeiro à sua esquerda) | Foto: Acervo da Assembleia Legislativa de São Paulo

A amante italiana atira no presidente

No Brasil conta-se pouco a respeito da vida privada dos políticos (quase todos parecem monogâmicos, e não era bem assim: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Figueiredo, para citar apenas três presidentes, tiveram amantes). Mas há uma história que merece registro. O homem que sugeria que administrar era construir estradas teve uma amante que quase o matou. Os dois estavam no Copacabana Palace, espécie de garçonnière do presidente, quando, irritada, a marquesa italiana Elvira Vishi Maurich atirou em Washington Luís, ferindo-o no estômago.

O caso foi abafado e a imprensa foi informada que Washington Luís havia passado por uma cirurgia de apendicite. Pouco dias depois, Elvira Vishi Maurich se matou.

Detalhe: Washington Luís era casado com Sofia Pais de Barros e tinha quatro filhos.