Ascensão e queda de Getúlio Vargas em duas capas do jornal O Globo

Duas capas do jornal “O Globo” registrando cenas históricas de nosso país. Ambas possuem fotos tiradas no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro. Ambas mostram a saída de dois presidentes da República após os militares os derrubarem do poder. A primeira foto foi tirada pelo jovem repórter Roberto Marinho, no dia 24 de outubro de 1930, quando Washington Luís saía do palácio governamental preso e a caminho do exílio.

A segunda foto foi tirada repórter fotográfico Antônio Monteiro, de “O Globo”, no dia 29 de outubro de 1945. De uma página para a outra, de uma foto para a outra são quinze anos de intervalo. Quanta coisa mudou. Roberto Marinho cresceu, amadureceu e virou dono de “O Globo”. Talvez ele tenha lembrado do ocorrido com Washington Luís e pediu para alguém fazer o registro da saída de Getúlio Vargas do poder. O Brasil mudou. Em 1930, era um país agrário, com voto aberto e as oligarquias mandando e desmandando na política. Quinze anos depois, o país se industrializou, os operários tinham carteira assinada e um amor imenso por Getúlio Vargas.

Não podemos nos esquecer que ele foi ditador, mandou prender, censurar. O fim da Segunda Guerra Mundial fez crescer no mundo todo o sentimento de liberdade e democracia. Não fazia mais sentido termos ditadores no poder. Os militares voltaram da Itália como heróis de guerra e voltaram decididos a atuarem no poder. Vargas foi pressionado a sair, mas ele demostrou a força dos seus apoiadores no movimento “queremista”. Um ditador em fim de carreira também tem seu fã clube. No dia 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas saía pelo mesmo portão que Washington Luís saiu. Um foi para o exílio no exterior e o outro para suas terras em São Borja. Tudo muda neste Brasil? Nem tudo. Getúlio Vargas ainda voltaria ao poder “nos braços do povo”. Dizem que um udenista foi ao Guanabara e montou a faixa “Tchau, querido!” Pena que o fotógrafo do Globo não tirou foto.