A visita de Dom Pedro I a Goiânia
27 setembro 2024 às 12h49
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O ano de 1972 marcou o sesquicentenário da nossa independência. Estávamos no auge da ditadura e é claro que os militares iriam aproveitar os 150 anos do grito do Ipiranga para fazer uma baita festa. Desfiles cívico-militares, o verde e amarelo colorindo o Brasil de norte a sul. Sim, muitas cores porque naquele ano de 1972 a televisão colorida começava a funcionar por aqui. No cinema, o filme “Independência ou Morte” foi o lançamento daquele ano festivo.
Mas o grande momento do sesquicentenário e que caiu no esquecimento foi a vinda dos restos mortais de Dom Pedro I de Portugal para cá. Era a “volta” do nosso imperador desde 1831, quando abdicou do trono em favor do seu filho Dom Pedro II. Várias cidades receberam os despojos imperiais e prestaram homenagens ao homem que proclamou a Independência às margens do Riacho do Ipiranga. Aqui em Goiânia, os restos mortais de Dom Pedro chegaram no dia 2 de agosto de 1972. Vindo de Cuiabá, o avião da Fab que trouxe a urna desembarcou no Aeroporto Santa Genoveva às 10:30h. Os militares colocaram os despojos em cima de um tanque de guerra e passaram pelas ruas do centro até chegar à Assembleia Legislativa que, naquela época, funcionava no Bosque dos Buritis.
Uma multidão acompanhou o cortejo que ficou aqui por três dias. O país revivia o seu processo de independência e recordava o papel de Dom Pedro naquele processo histórico. A empolgação foi tanta com a memória do nosso imperador que sugeriram rebatizar uma rua do centro de Goiânia com o nome dele. Seria erguido um busto em sua homenagem. Nem uma coisa e nem outra foi feita. Encerradas as comemorações aqui, os restos mortais seguiram para Brasília.
O Brasil republicano saudava o fundador do Brasil Império. No dia 23 de setembro último recordamos os 190 anos da morte de Dom Pedro I. Talvez hoje ninguém mais se lembra de que, por três dias, estivemos tão perto dele.