“As revelações de que Machado de Assis morreu com a cor branca (e não mulato), de arteriosclerose generalizada (e não de câncer na língua), e às 3:20 da madrugada de 29 de setembro de 1908 (e não às 3h45min), foram surpreendidas, agora, na leitura da peça inicial do seu inventário: o atestado de óbito”. A Revista Manchete abria assim a reportagem sobre os cinquenta anos da morte do maior escritor brasileiro de todos os tempos. No atestado de óbito, o nome foi escrito como José Maria Machado de Assis e não Joaquim Maria Machado de Assis. Em 1958, o então Presidente Juscelino Kubitschek aprovou um despacho que declarava a obra de Machado como domínio público, o que possibilitaria maior divulgação dos seus livros.

Atestado de óbito. Acervo- O Estado de São Paulo

Na madrugada do dia 29 de setembro de 1908, Machado de Assis agonizava. Acompanhando seus últimos suspiros estavam Euclides da Cunha, Rodrigo Otávio e José Veríssimo. Dias antes, o Barão de Rio Branco o visitou na famosa casa no Cosme Velho. “Vamos, seu Machado… Que é isso? Coragem!” Não adiantou a tentativa do barão em reanima-lo. Machado de Assis suspirou pela última vez. Seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e teve Rui Barbosa como orador da despedida: “Era uma sua alma um vaso de amenidade e melancolia”.

A Revista O Cruzeiro, recordando os cinquenta anos da morte de Machado de Assis, noticiava que a casa onde o Bruxo do Cosme Velho morreu já não existia mais. Apenas uma plaquinha indicando onde era o lugar. “Quem por ali passava e lia a placa parava um instante e, respeitosamente, respirava um pouco da atmosfera machadiana.” Brás Cubas puxou os pés de quem errou no atestado de óbito e quem demoliu a casa de Machado de Assis.