“Alô amigos, eu sou Carlos Imperial. Estou aqui na Rede Tupi de Televisão para apresentar o meu, o seu, o nosso programa. Porque eu, você, nós gostamos de música jovem, nós gostamos de discotéqué” Era assim que Carlos Imperial começava seu programa nas noites de sábado da TV Tupi no final dos anos 1970. Naquela época, o Brasil começava a longa, gradual e segura abertura política ao som da disco music. Imperial fazia em seu programa um concurso de dança premiando o casal que melhor dançasse a discotéqué ao som da Dança do Figueiredo (sim, a música tinha o sobrenome do último presidente da ditadura).

Imperial era capixaba de Cachoeiro do Itapemirim e nasceu no dia 24 de novembro de 1935. Anos depois, se mudou com a família para o Rio de Janeiro e ali deu início à sua carreira artística. Em meados dos anos 1950, ele criou em Copacabana o Clube do Rock, um espaço para a moçada dançar esse novo estilo musical. Foi nesta época que ele conheceu um moço vindo do Cachoeiro do Itapemirim chamado Roberto Carlos e o lançou artisticamente como “o Elvis Presley brasileiro”. Imperial também tentou levar seu pupilo para o lado da Bossa Nova. O primeiro disco do Roberto, “Louco por você” tem uma pegada bossanovista. Até hoje o Rei renega esse disco. Imperial também lançou uma cantora vinda de Porto Alegre chamada Elis Regina e a levou para a Bossa Nova com o disco de estreia chamado “Viva a Brotolândia”. Clara Nunes foi outra cantora lançada por ele.

Uma das características marcantes da carreira dele era a versatilidade. Carlos Imperial atuou em diversos ramos da cultura e em vários ritmos musicais. Nos anos 1960, ele surfou na onda da Jovem Guarda e compôs músicas para Eduardo Araújo e Ronnie Von. Nesta época, Imperial lançou Wilson Simonal, seu secretário. Outro artista lançado por ele foi um rapaz da Tijuca que entregava marmitas chamado Sebastião Maia. Ao lançá-lo artisticamente, Imperial achou melhor mudar o nome. Surgia Tim Maia. O único problema foi combinar com a família. Certo dia, Imperial ligou na casa dos Maia. Ao atender o telefone, ele disse:

  • Eu quero falar com o Tim.
  • Aqui não tem nenhum Tim!
  • O Tim Maia!
  • Ah, o Tião! Espera que eu vou chamar: Ô Tiããão, telefone para você!”

Nos anos 1970, Carlos Imperial se aventurou no cinema dirigindo e atuando filmes de pornochanchada. Em 1978, quando Chacrinha saiu da TV Tupi, abriu uma vaga na programação do sábado a noite. Imperial foi contratado para apresentar um programa voltado para o público jovem. Surgia o “Programa Carlos Imperial”. A vinheta de abertura era Imperial correndo de sunga junto com várias meninas de biquini em uma praia carioca.

Com a abertura política nos anos 1980, ele se lançou candidato a vereador pelo Rio de Janeiro e ganhou. Também se lançou candidato a Prefeito da Cidade Maravilhosa e perdeu. Pelo visto, o eleitor não aprovou sua propaganda eleitoral no qual Imperial aparecia com uma camisa zebra falando “Vai dar zebra”. Nessa mesma época, ele foi leitor das notas das escolas de samba na Marques de Sapucaí. Imperial criou o bordão: “Dez! Nota Dez!”

A intensa vida de Carlos Imperial se findou no dia 4 de novembro de 1992. Ele não resistiu a uma miastenia grave. Era o fim da vida do homem da discotéqué, do rock, da pornochanchada, do descobridor das estrelas da nossa música popular brasileira.