Rodrigo Constantino, revista Veja
Rodrigo Constantino, revista Veja

No último dia 8 foi celebrado o “Dia da Mulher” e, durante todo o mês de março, serão intensificadas realizações de eventos alusivos a elas. Nesta oportunidade, ao invés de ser um momento para reflexão e reavaliação de conceitos sobre como a mulher pode e deve protagonizar, de forma efetiva, colaboradora e harmoniosa, a construção de uma sociedade melhor e mais alicerçada em valores humanos, grupos feministas limitam-se a vitimizarem-se, repetindo clichês do tipo “a violência contra a mulher”, “o Brasil é um país machista”, “o tráfico de mulheres para exploração sexual”, “houve algumas conquistas mas muito ainda precisa ser alcançado”, “a mulher desempenha dupla ou tripla jornada de trabalho”, etc.

Não é por acaso: nada pode ser tão enfadonho quanto uma feminista falando. Aliás, os chamados movimentos feministas lembram muito bem o filme “Forest Gump”, com ator Tom Hanks no papel-título. Em uma cena, Forest Gump, num rompante típico dos hippies dos anos 1960, começa a correr sem rumo, sem direção, sem objetivos, enfim, sem razão alguma. Ao longo do trajeto muitos o acompanham sob o argumento de estarem “aderindo à causa”. De repente, Gump para, recobra a lucidez, reflete sobre si mesmo, e, sem entender o porquê correra tanto, retorna à sua casa e sai em busca da mulher que é o amor de sua vida.

Essa história ilustra muito bem o que ocorre com as chamadas feministas. Desde que a escritora e intelectual Camille Paglia “abandonou a estrada”, depois de ter lançado mundialmente a luta pelos direitos das mulheres ainda nos anos 1960, muitas feministas, órfãs de ideias, deturparam os objetivos da luta e passaram a instigar o embate entre gêneros, o conflito sexista. Numa visão simplista, maniqueísta, semeiam o conflito das mulheres contra os homens, como se vivêssemos em mundos opostos. As reivindicações agora não são mais pelos direitos das mulheres, mas por privilégios que se sobreponham aos direitos iguais — à isonomia jurídica e social — por interesses políticos e econômicos, etc.

Camille Paglia seguiu a sua vida e, tempos depois, torna-se a mais ácida crítica das feministas atuais. Em recente entrevista disse que “o cenário atual é desanimador, as mulheres vivem um conflito diante de seus diversos papéis. As feministas são um tédio. Aliás, estou cansada de falar dessas mulheres”. Como no exemplo dos corredores do filme que foram abandonados no meio do caminho porque não sabiam o porquê que corriam, também das feministas sobraram duas categorias: a das “feministas” por modismo, imitação ou falta de personalidade e a das feministas profissionais oportunistas que se valem do discurso para alçarem carreira na política, na ocupação de cargos na administração pública, na criação de ONG’s, etc. Uma maneira não muito honesta, porém mais cômoda, de ser influente e assegurar privilégios financeiros. O “feminismo à brasileira” é, sem dúvida, o mais hipócrita do mun­do. Enquanto em outros países as mulheres lutam por direitos, aqui defendem privilégios através do embate sexista.