O dia do “Batismo Cultural de Goiânia”
05 julho 2022 às 08h44
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Atualmente o Teatro Goiânia possui capacidade de 850 lugares e recebe os mais variados espetáculos e peças teatrais
Há exatos 80 anos, no dia 05 de julho de 1942, a população goianiense despertou com o toque de alvorada e fogos de artifício, para comemorar o dia intitulado “Batismo Cultural de Goiânia”, termo utilizado para designar o dia da inauguração oficial da capital.
No decorrer da semana a cidade foi palco de realizações culturais que atraíram várias personalidades politicas, artísticas, eclesiásticas e intelectuais do país e da participação do público em geral.
Dentre os vários eventos e festividades que marcaram a Inauguração oficial de Goiânia, a missa campal realizada na manha do dia 05 de Julho pelo arcebispo de Goiás, D. Emanuel Gomes de Oliveira, e pelo arcebispo de Cuiabá, D. Aquino Correia, constitui-se como um momento de relevante significado para o restabelecimento de uma nova aliança entre a Igreja e o Estado em Goiás.
Getúlio Vargas (1882 – 1954), então Presidente da República, deu força, influindo para que aqui se realizassem o Oitavo Congresso Brasileiro de Educação e a Assembleia Geral dos Conselhos do IBGE. Foram dias de discussão febris e excitantes, com destaque para o lançamento da Revista OESTE, que reunia a intelectualidade. Cerca de seiscentos visitantes estrangeiros participaram das comemorações.
Nessa data também foi inaugurado o Cine Teatro Goiânia, como era denominado à época, com a peça “Deus lhe pague”, protagonizada pela atriz Eva Tudor (1919-2017). Foi também no mesmo palco que Pedro Ludovico Teixeira entregou a chave simbólica da cidade ao indicado prefeito da nova capital, Venerando de Freitas Borges.
No entanto, o Cine Teatro, então inaugurado, não possuía capacidade para apresentações teatrais, havia sido planejado para estas funções, mas as dimensões de palco eram reduzidas e impróprias para a montagem de espetáculos amplos e sofisticados.
Durante toda a década de 40, 50 e 60 o local fez sucesso promovendo exibições de filmes nacionais e internacionais, bem como formaturas e eventos, reunindo personalidades políticas e a população goiana.
No início de 1976, com o declínio dos cinemas, a falta de uma estrutura teatral para espetáculos e o a necessidade de reparos em suas instalações, o espaço, foi fechado e passou por minuciosa reforma, quando então se abandonou a ideia de cineteatro, para ter somente a função de teatro.
A reinauguração aconteceu na noite de 15 de março de 1978, marcada pela apresentação do Corpo de Baile da Associação de Ballet do Rio de Janeiro. A companhia trouxe ao palco os bailarinos Margot Fonteyn (1919 – 1991) e David Wall (1946 – 2013). Após o espetáculo, Fonteyn declarou para a imprensa:
“O equipamento eletrônico do Teatro Goiânia coloca esta casa na liderança dos teatros do Brasil e entre as melhores do mundo”.
Em 1998, o teatro Goiânia, recebe mais uma reforma e se torna uma das mais modernas casas de espetáculos do país e se torna patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Atualmente o Teatro Goiânia possui capacidade de 850 lugares e recebe os mais variados espetáculos e peças teatrais. Resgatando parte de seu histórico, o Teatro Goiânia também recebe exibições de filmes e é palco de importantes festivais de cinema regionais.
Chama a atenção o nome dado ao hall de entrada do Teatro Goiânia, denominado “Tia Amélia”.
Amélia Brandão Nery, carinhosamente chamada de Tia Amélia, como ficou conhecida, nasceu em Pernambuco em 25 de maio de 1897 morrendo aos 86 anos de idade em Goiânia no dia 18 de outubro de 1983.
Tia Amélia foi um grande nome da música brasileira. Compositora e pianista, frequentou e brilhou nos grandes centros. Em Goiânia abriu uma escola de música. Podemos citar como uns de seus ilustres alunos: Heloisa Barra, Estercio Cunha, Maria Augusta Callado e Glacy Antunes de Oliveira.
Para celebrar a grande musicista que dá nome ao hall de entrada do Teatro Goiânia ouviremos de Tia Amélia a Valsa Gratidão – executado por Hercules Gomes, piano e Rodrigo Y Castro, flauta.
Observe a beleza dessa obra composta por tia Amélia com apenas 12 anos de idade.
Vida longa ao Teatro Goiânia que hoje comemora 80 anos de idade.