O compositor e pianista francês Francis Jean Marcel Poulenc (1899-1963), juntamente com os compositores Georges Auric, Louis Durey, Arthur Honegger, Darius Milhaud e Germain Tailleferre, formou o grupo denominado “Os seis franceses”. As ideias que supostamente uniam o grupo eram uma fidelidade à simplicidade e integridade, evitando o que é formal e acadêmico, e a incorporação de elementos da música popular, especificamente o jazz e as canções do teatro de variedades.

Les Six – Os Seis Franceses Francis Poulenc, Germaine Taileferre, Louis Durey, Jean Cocteau, Darius Milhaud, Arthur Honegger | Foto: Reprodução

Esboço de Georges Auric na parede atrás do Grupo dos Seis.

Embora as ideias do “Grupo dos Seis” tenham se firmado na história da música, o grupo nunca foi muito coeso e seus membros se moveram em diferentes direções, depois que a associação, que durou apenas alguns anos, se desfez.

Dentre os membros do grupo, Poulenc, foi o mais consistente em desenvolver e sustentar seu próprio estilo.  Simplicidade, clareza e inclusão de influências da música popular fazem parte do universo de sua obra.

Em artigo no “Paris-Presse” de Julho de 1950, assim o crítico descreve o compositor francês, em uma etiqueta que lhe ficou associada para o resto da vida:

“Meio monge, meio mau rapaz” /  “le moine et le voyou”

Claude Rostand (1912-1970)

O ambiente parisiense da época é fielmente representado nas obras de Poulenc. Sua música, eclética e ao mesmo tempo pessoal, é essencialmente melodiosa, emoldurada pelas dissonâncias do século XX.  Poulenc tem talento, elegância, profundidade de sentimento e um doce-amargo que são derivados da sua personalidade melancólica e ao mesmo tempo alegre.

Poulenc homenageia, em uma de suas obras,  Édith Piaf (1915-1963), cantora francesa icônica do século XX, com sua voz emocional e suas canções que expressavam sentimentos profundos, incluindo amor, perda e melancolia.

Embora Poulenc possa nunca ter conhecido Édith Piaf (1915-1963), os dois músicos possuíam muitos pontos em comum.  Talento, profundidade de sentimentos, a vida parisiense e uma alegre melancolia. Poulenc homenagea Piaf com o Improviso para Piano n. 15 em dó menor composto em 1959.

Edith Piaf | Foto: Reprodução

Ouviremos o Improviso para Piano n. 15 em dó menor interpretado pelo pianista francês Pascal Rogé (1951).

Observe no Improviso de Poulenc  a elegância e profundidade de sentimento do “doce-amargo” tão presente na obra do compositor e da homenageada.