Vivian Wyler deve ser lembrada como “descobridora” de Ian McEwan, Martin Amis e Julian Barnes

21 abril 2017 às 11h47

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A editora da Rocco, recém-falecida, não pode ser vista apenas como “reveladora” do bruxo Harry Potter

Vivian Wyler, que morreu no domingo, 16, aos 62, de câncer, ficou conhecida por ter publicado a saga do bruxo Harry Potter no Brasil. Um acerto editorial, em termos financeiros, que rendeu uma fortuna à Rocco, da qual era gerente editorial. Mas ela era muito mais do que uma mera harrypotteriana.
Atenta à melhor literatura — que já divulgava como resenhista do “Jornal do Brasil” —, Vivian Wyler lançou no Brasil os notáveis escritores britânicos Ian McEwan, Martin Amis e Julian Barnes. Eles já eram bem lidos na Europa, notadamente na Inglaterra, mas eram ilustres desconhecidos no ambiente patropi. A Rocco perdeu McEwan e Amis para a poderosa Companhia das Letras, mas manteve a excelência de Julian Barnes (autor do inventivo e divertido romance “O Papagaio de Flaubert”).
O editor Paulo Rocco homenageou-a com propriedade: “Foi seu imenso interesse por boas histórias que garantiu que obras tão relevantes estejam hoje em nosso catálogo. Foi também Vivian quem leu ‘Harry Potter” pela primeira vez e se encantou pela série que nos emociona tanto. Muito mais que uma profissional competente, era uma pessoa generosa, prestativa, amorosa, vamos sentir muito sua falta. Seu legado permanecerá”.
Vivian Wyler sabia das coisas. Era uma grande entre os grandes. As letras e os escritores perdem com a sua morte.
Alfredo Machado, o fundador da editora Record, dizia que best sellers garantiram a publicação de livros de qualidade mas que, quase sempre, vendem pouco. “Harry Potter”, de J. K. Rowling, possivelmente abriu as portas para criadores de alta literatura. Financiou-os.