Sai biografia do editor que renovou a Edusp e criou a Ateliê Editorial

27 julho 2023 às 19h03


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Há alguns anos, um editor corajoso — mais destemido do que El Cid e Lampião — lançou “Finnegans Wake/Finnicius Revém”, de James Joyce. O que se pode dizer da “aventura”? No mínimo que foi temerária. A tradução, considerada de primeira linha, é do igualmente corajoso (mas sem ter de pagar as contas da editora) Donaldo Schüler.
Não sei se o livro, publicado em vários volumes, deu lucro. É provável que não tenha dado. Mas “orgulho” da edição caprichada, com capa dura, o editor certamente teve e tem.
A Ateliê Editorial publicou também o clássico “Orlando Furioso”, de Ludovico Ariosto. Com tradução de Pedro Garcez Ghirardi. Um trabalho de grande importância e fôlego.
Outra grande “aventura”, proveniente do destemor do editor, foi o lançamento do primeiro volume de “Eugênio Onêguin”, do russo Aleksandr Púchkin (o “pai” de Gógol, de Dostoiévski, de Turguêniev, de Tolstói, de Tchékhov e dos grandes poetas russos), com tradução de Alípio Correia Franca Neto e Elena Vássina. A palavra para definir a edição (além da tradução) é só uma: beleza.
Citei apenas três livros, mas há muitos outros, sempre editados com o maior esmero. A Ateliê só tinha um par no Brasil: a Cosac Naify. Agora, está sozinha, como a mais ousada editora do país. Sim, Companhia das Letras, Todavia, Relicário, Ubu e mais algumas são relevantes e editam bem. Mas a Ateliê permanece hors concours.
A Ateliê é grande porque há um gigante tramando suas edições. Trata-se de Plinio Martins Filho, o editor que praticamente recriou a Edusp, tornando-a uma das melhores editoras do país.
Plinio Martins Filho “descobriu”, por assim dizer, a fórmula: conteúdo bom, de alta qualidade, fica ainda melhor se ganha uma edição decente e bonita. Ganha “alma”.
Goiano de Pium (quando nasceu, não existia o Estado do Tocantins), agora tocantinense de Pium, o editor ganha uma biografia, sob o título de “Plinio Martins Filho, Editor de Seu Tempo” (WMF, 352 páginas; o valor, 119,90 reais, não deve afugentar os leitores, por certo), escrita por Ulisses Capozzoli, um jornalista e pesquisador notável.
Sinopse da Editora WMF
“Em ‘Plinio Martins Filho, Editor de Seu Tempo’, Ulisses Capozzoli não se limita à narrativa do biografado, mas a insere no quadro muito mais amplo da historicidade, acompanhando a trajetória e as contribuições de editores internacionais. Com rigor, Capozzoli dá conta das profundas transformações tecnológicas que impulsionariam a produção editorial, mas também das metamorfoses históricas mais amplas, quer no plano internacional, quer no nacional. A narrativa de Ulisses Capozzoli se consubstancia em deliciosa prosa poética, com momentos de inspirado lirismo.”
Quem é o biógrafo Ulisses Capozzoli


“Ulisses Capozzoli (Minas Gerais, 1950) cursou Jornalismo na Escola de Comunicação e Artes [ECA] da Universidade de São Paulo [1976], é jornalista especializado em divulgação científica, mestre e doutor em ciências pela Universidade de São Paulo. Editor de Scientific American Brasil por 12 anos e publisher de Astronomy Brasil.”
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