O homem que ousou transpor “Finnegans Wake” para o português, com o auxílio de Donaldo Schüler, retorna, como Ulisses, à sua Ítaca

Plínio Martins Filho: de volta à sua Ítaca, a Edusp | Foto: Reprodução

Na Editora da Universidade de São Paulo é assim: a. P. e d. P. Ou seja, antes e depois de Plínio Martins Filho.

Plínio Martins nasceu em Pium, quando a cidade ficava no território de Goiás — hoje, fica no Tocantins; portanto, ele é um goiano-tocantinense. Professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), além de contribuir para a formação de gerações, se tornou um dos mais notáveis editores do país.

Por suas qualidades, e não por seus defeitos, acabou deixando a direção da Edusp. Mas a boa notícia, para os leitores — amantes de livros de qualidade (inclusive em termos de edição) —, é que Plínio Martins está reassumindo o comando da editora, uma das melhores do país, incluindo as comerciais.

Todo editor é um homem de coragem. Portanto, Plínio Martins é de uma coragem temerária. Nenhuma editora brasileira ousou publicar “Finnegans Wake” (“Finnicius Revém”), de James Joyce. Pois, com sua Ateliê Editorial, o homem de Pium publicou, numa edição bem-cuidada, com tradução inventiva de Donald Schüler, o único que teve coragem de enfrentar a prosa tão difícil deste, digamos, romance não-romance. (Sabe-se que Caetano Galindo está tentando “domar” a fera para a Editora Companhia das Letras.)

Agora, depois de editar o livro que todos temiam editar primeiramente, Plínio Martins vai editar, pela Ateliê Editorial, o romance “Ulysses”, de James Joyce, com um sistema inovador. A editora escolheu 18 tradutores e cada um deles vai “reinventar”, na Língua Portuguesa, a história ou histórias de Leopold Bloom, o Odisseu dos tempos modernos. Por sinal, Plínio Martins, como o herói da “Odisseia”, volta à sua Ítaca editorial — a Edusp.