Relatório da Fenaj diz que 2020 foi o mais violento para jornalistas

26 janeiro 2021 às 16h21

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O presidente Jair Bolsonaro é apontado como o principal agressor de repórteres

Democratas verdadeiros não ameaçam a democracia e jornalistas. O jornalismo crítico, avesso aos controles dos poderes, é um dos pilares da democracia. No Brasil, desde 2019, há um presidente, Jair Bolsonaro, que está sempre a ameaçar a democracia, sugerindo a possibilidade de um golpe, e atacando jornalistas. A Federação Nacional dos Jornalistas, presidida pela goiana Maria José Braga, quantificou os ataques à imprensa, não só dele (o presidente norte-americano Thomas Jefferson (1743-1826), numa carta a Edward Warrington, de 16 de janeiro de 1787, escreveu: “Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”).
O levantamento da Fenaj concluiu que 2020 foi o ano mais violento desde 1990 (que a entidade começou a fazer a pesquisa). O relatório foi divulgado na terça-feira, 26. A entidade verificou que, em 2020, foram registrados 428 casos de violência contra jornalistas; em 2019 foram apuradas 208 agressões. A violência dobrou, o que é grave.

O estudo da Fenaj apurou que o principal agressor é o presidente Jair Bolsonaro. O Centro-Oeste é campeão em agressões — com 48,55% —, possivelmente porque Bolsonaro, que fica em Brasília, é tido como o principal agressor. Outras regiões: Sudeste, 28,26%; Sul, 10,87% e Norte, 5,44%.

Jornalistas homens (65%) são mais agredidos do que mulheres. Mas as agressões contra mulheres são de vários matizes. Bolsonaro e aliados atacam, por exemplo, no campo sexual, com o objetivo de desmoralizar repórteres, sempre com “informações” falsas. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, publicou que a repórter Patrícia Campos Mello tentou seduzir um homem para conseguir informações contra Bolsonaro. A Justiça o condenou e ele terá de indenizar a jornalista da “Folha de S. Paulo”, uma das mais qualificadas do país. Sua acusação era falsa. O objetivo do ataque à imprensa, por parte de Bolsonaro e outros, é desmoralizá-la ante a opinião pública.
Lista de principais agressores de jornalistas em 2020
Presidente Jair Bolsonaro – 175 (40,89% do total)
Servidores públicos – 86 (20,09%)
Políticos – 39 (9,11%)
Internautas – 21 (4,91%)
Populares – 18 (4,21%)
Juízes, procuradores ou promotores – 17 (3,97%)
Manifestantes – 14 (3,27%)
Policiais militares ou civis – 14 (3,27%)
Empresários da comunicação – 7 (1,64%)
Dirigentes de clubes ou torcedores – 7 (1,64%)
Hackers – 6 (1,40%)
Empresários – 5 (1,17%)
Seguranças – 3 (0,70%)
Jornalistas – 2 (0,47%)
Profissionais liberais – 2 (0,47%)
Religioso – 1 (0,23%)
Traficante – 1 (0,23%)
Youtuber – 1 (0,23%)
Não identificados – 9 (2,10%)
Agressões registradas contra jornalistas em 2020
Descredibilização da imprensa – 152 (35,51% do total)
Censuras – 85 (19,86%)
Agressões verbais/ataques virtuais – 76 (17,76%)
Ameaças/intimidações – 34 (7,94%)
Agressões físicas – 32 (7,48%)
Cerceamento por meio de ações judiciais – 16 (3,74%)
Impedimentos ao exercício profissional – 14 (3,27%)
Ataques cibernéticos – 6 (1,40%)
Violência contra organização – 6 (1,40%)
Assassinatos – 2 (0,47%)
Injúrias raciais – 2 (0,47%)
Sequestros – 2 (0,47%)
Atentado – 1 (0,23%)
Jornalistas assassinados em 2020
Lourenço Veras (Léo Veras) — Morto em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Como editor do site Porã News, publicava denúncias contra o crime organizado.
Edney Menezes — Foi morto na cidade de Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso. Ele relatou a familiares que estava recebendo ameaças. Assessorou a campanha do prefeito reeleito do município.