Repórter da Band empurra repórter da Record. Vale discutir brutalidade verbal dos programas?

02 julho 2025 às 11h12

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Qual é o problema da barbárie? É que quase sempre mora ao lado, e raramente muito distante. O jornalismo faz a defesa da civilização, mas às vezes adere ao mundo dos bárbaros. Há alguns anos, um ex-editor do “Estadão” matou a tiros uma jornalista que tentava escapulir de insistente assédio. A TV Record demitiu Arnaldo Duran, mesmo sabendo que o jornalista estava doente, e por isso a Justiça decidiu que a rede deve indenizá-lo. O profissional vai receber 400 mil reais.
Na terça-feira, 1º, o repórter Lucas Martins, da Band, deu um empurrão na repórter Grace Abdou, da Record.
Tudo porque Grace Abdou chegou primeiro para verificar uma fotografia no celular de uma testemunha. Atrasado, Lucas Martins empurrou a colega e gritou: “Dá licença, tá louca?”
Grace Abdou questionou: “Por que você me empurrou?”. Agressivo, Lucas Martins respondeu: “Porque você entra na minha frente propositadamente e não é a primeira vez que isso acontece”.
Por que Lucas Martins está “sempre” chegando atrasado? O repórter deve pensar sobre isto.
Lucas Martins e Grace Abdou estavam buscando informações sobre o desaparecimento de duas adolescentes, no interior de São Paulo.
A brutalidade verbal dos programas de TV
Vale tudo em busca de uma informação exclusiva, inclusive sacrificar a civilidade e o respeito aos colegas?
A rede da repórter divulgou uma nota: “A Record condena veementemente a agressão praticada pelo repórter da Band, Lucas Martins, ocorrido na tarde desta terça-feira, 1º de julho, contra nossa repórter Grace Abdou. O boletim de ocorrência foi registrado e medidas judiciais cabíveis serão tomadas”.
Lucas Martins, ao término do programa “Brasil Urgente”, pediu desculpas à colega: “Isso é inadmissível, quero pedir desculpas publicamente a Grace Abdul. Cabem poucas explicações do porquê, foi um episódio lamentável, uma atitude inaceitável da minha parte. Profundamente arrependido”.
Li várias reportagens sobre o assunto. Mas nenhuma comenta a virulência verbal dos programas da Record e da Band. Tal brutalidade jornalística, sempre excessiva, eventualmente contamina profissionais da televisão? É um assunto a se discutir.
Quando assisto algum programa da Band e da Record, o que felizmente não faço sempre, lembro-me do presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Os apresentadores, por vezes, usam uma linguagem violenta a respeito daquilo que estão combatendo, ou seja, a violência, a criminalidade.