Pressão intensa sobre traficantes de drogas colabora para aumento do roubo de automóveis
26 março 2014 às 16h24
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A publicitária Polyanna Arruda Borges foi assassinada em setembro de 2009, aos 26 anos. Tudo começou assim: Leandro Garcez Cascalho encomendou um Prisma preto ao receptador Diango Gomes Ferreira, que acionou Assad Haidar de Castro e Marcelo Barros Carvalho. Hassad Haidar e Marcelo Barros saíram à procura de um veículo com as características descritas e, numa rua de Goiânia, encontraram Polyanna. Tomaram-lhe o carro e, em seguida, a mataram. Acatando a precisa denúncia do Ministério Público, a Justiça condenou Assad Haidar (45 anos) e Marcelo Barros (25 anos e oito meses), mas não aplicou uma pena branda àquele que encomendou o automóvel e àquele que promovia receptações. Diango Gomes foi condenado a 23 anos e dois meses de cadeia e Leandro Garcez, a 21 anos e quatro meses.
Na quinta-feira, 20, a repórter Rosana Melo, do “Pop”, publicou uma matéria, “Carros para capitalizar o tráfico”, que sugere, mais uma vez, que a polícia, o Ministério Público e a Justiça têm de observar com atenção como quase tudo começa — com a receptação. Melo mostra que as recentes apreensões de drogas, em grande volume, descapitalizaram alguns traficantes que agem em Goiânia e cidades próximas, como Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Para adquirirem dinheiro fácil e rápido, com o objetivo de comprar droga para revendê-la, os traficantes exigem que usuários de crack roubem carros.
A reportagem do “Pop” mostra que cada automóvel roubado vale 200 reais e, se de luxo, 500 reais. Em seguida, os traficantes comercializam os veículos noutros Estados e, até, países. Os documentos são “esquentados” (legalização pirata, mas eficaz). A polícia confirmou à repórter Melo que o aumento do roubo de carros, em março, tem a ver com a prisão dos traficantes.
Como ocorreu no caso de Polyanna, que hoje teria 30 anos, a polícia tem de localizar os receptadores, por intermédio dos usuários de crack — alguns chegam a ser pequenos traficantes, anota Melo —, e remeter o inquérito ao Judiciário. Com penas maiores, os receptadores certamente se sentirão pressionados a reduzir suas atividades.
Um delegado de polícia, ouvido pelo “Pop”, disse: “Todos os carros foram roubados de mulheres que estavam paradas e sozinhas”.