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Paradoxo: se tivesse sido mais agressivo, aproximando-se mais do lutador brasileiro, o atleta americano poderia ter perdido a luta

Foto: reproduçao

O chefão do UFC, Dana White, criticou o americano Tyron Woodley por ter vencido o brasileiro Demian Maia tão-somente por pontos, numa luta tida como modorrenta.

A crítica de Dana White era sobretudo a Tyron Woodley, um nocauteador feroz. Mas tem mesmo razão? Só em parte. A “batalha” de fato não foi empolgante. Durante toda a luta, De­mian Maia tentou levar o adversário para o chão, para pôr em prática seu afiadíssimo jiu-jítsu-sucuri. O americano fugia com habilidade, ou, agarrado, abria as pernas e impedia a queda — o que desarmava o brasileiro. Ao mesmo tempo, acertou golpes contundentes no rosto do oponente.

Tyron Woodley, na luta em pé, é superior a Demian Maia. Por isso, fez uma luta menos vibrante, mais estratégica — para não usar o termo inteligente. Agredia e fugia. Como não podia ficar muito perto, para não ser levado ao chão, evitou o confronto de maneira mais contundente.

Por que Tyron Woodley mudou sua maneira de lutar, adotando um estilo mais cauteloso? Porque, ao contrário do que sugere, de modo indireto, Dana White, o brasileiro não é nenhuma galinha morta. Ás do jiu-jítsu, estava invicto a sete lutas e venceu lutadores experimentados.

Se Tyron Woodley abrisse a guar­da, atacando mais, possivelmente teria sido agarrado por De­mian Maia e levado ao chão, onde dificilmente não seria fi­nalizado. O americano habilmente escapou da “arte suave” do brasileiro.

Os aficionados pelo jiu-jítsu certamente apreciam as lutas de Demian Maia, um atleta de fato excepcional. Não é o meu caso. Talvez seja injusto apontá-lo como um “gladiador” unidimensional — um “porco espinho”, e não uma “raposa”, diria o filósofo Isaiah Berlin —, mas suas lutas dão a impressão de serem todas iguais. Parecem, até, mais exercícios de jiu-jítsu do que lutas.