Os melhores “editoriais” do “Pop” são escritos pelo Britvs, criador do personagem Kat­teca. Tal como Flaubert, a respeito de Madame Bovary, Britvs poderia dizer: “O Kat­teca sou eu”.

Katteca é o Britvs e o indivíduo comum, é uma espécie de Leopold Bloom dos quadrinhos. Na terça-feira, 1º, publicou uma história impagável, sem pretensão e discurso sociológicos, mas indicando que percebe bem como funciona a sociedade, a economia. O capitalismo é o modo de produção que mais “doa” ao indivíduo. Mas aquilo que repassa com uma mão toma com a outra, numa espécie de eterno retorno.

Katteca diz, satisfeito, “recebi o meu salário”. Em seguida, no segundo quadrinho, um banqueiro aparece, arranca algumas notas das mãos do indiozinho e grita: “Esta parte é minha!” Depois, o trabalhador se vê acossado pelas contas de água, energia, seguro e telefone. Mas ainda tem ânimo para dizer: “Aaah, mas eu sou esperto! Esta parte aqui é minha!” Aí aparece um religioso e informa: “Esta é de Jesus!” Katteca fica a zero.