Nota das feministas da UFG sobre Thaís Azevedo é uma piada stalinista de mau gosto

08 junho 2017 às 16h28

COMPARTILHAR
No afã de defender o feminismo, o Coletivo Feminista Pagu trabalha para cassar a voz de uma mulher que pensa diferente dele. Uma atitude francamente antifeminista, não é?
Edmar Oliveira
Li a nota (http://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/coletivo-defende-protestos-e-diz-que-fala-de-thais-azevedo-e-nociva-ao-ambiente-academico-96810/) do Coletivo Feminista Pagu (ligado à UFG) sobre a palestra da professora Thaís Azevedo, e pergunto: o Pagu Mico é formado por humoristas? Diz trecho da nota: “Após deliberação, houve consenso no sentido de que o discurso seria nocivo ao ambiente acadêmico”. O puríssimo e celestial ambiente acadêmico, destaque-se.
O texto, com ar de superioridade intelectual e moral, fala também em “discurso de ódio”, como se as feministas e socialistas fossem o símbolo máximo de amor e respeito às diferenças. Como se, eventualmente, algumas mocinhas peladas e com frases ridículas no próprio corpo — “meu útero é laico” é uma dessas estultices — não ficassem em frente a igrejas provocando religiosos. Acaso existe útero fervoroso? Quem quiser pode ser religioso ou isto é proibido também?
A nota versa sobre “o completo despreparo e desconhecimento da palestrante a respeito das pautas e reivindicações feministas”. Está claro o preconceito aos que pensam diferente das feministas. Como pode uma universidade pública decidir, baseado em subjetividades e intolerância, quem deve ou não falar em seus auditórios? A UFG é do povo, que paga caríssimo para professores ensinarem que Cuba e Venezuela são exemplos a seguir (inclusive no que tange às mulheres e aos direitos individuais, acredita-se) e que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff representam a redenção do Brasil.
A nota do Pagu Mico é cômica e contraditória do início ao fim. “Diante das negativas em mudar o evento, o Coletivo Pagu, em conjunto com vários outros grupos de Goiânia, deliberou que não haveria forma melhor de combater o preconceito do que fazendo nosso próprio evento no térreo do prédio, no jardim da Faculdade, com música, dança e arte. O Coletivo enfeitou a faculdade com balões, luzes e vários cartazes feministas.” Ou seja, tentou esvaziar a exposição de Thaís Azevedo.
Mas a festa não foi assim tão bonita e delicada como dizem. O Pagu Mico deixou a cargo de estudantes agressivos a função de cassar a fala da expoente e expulsá-la do salão nobre da Faculdade de Direito, sob gritos histéricos de “fora, fascista!”, sem sequer saberem o real significado da palavra fascista. Vídeos mostram a ternura de alunos e professores (que repetem como mantra o tal “discurso de ódio) na saída da antifeminista do auditório. Não fosse amparada por seguranças da Federal e amigos, Thaís poderia até apanhar.
A nota é clara ao apontar que houve análise prévia, com altíssima exigência técnica e científica, supõe-se, baseada apenas na página de Thaís no Facebook. Depois de árduas e profundas discussões filosóficas, o Pagu Mico decidiu que o “discurso (de Thaís) este totalmente imerecedor do destaque que se confere a pessoa que se propõe a palestrar no salão nobre da Faculdade de Direito da UFG”, que deve aceitar, nota-se, apenas palestras de níveis olímpicos, como a da divindade petista Lula, que gosta de se comparar a Jesus Cristo e é adorado por seus fiéis.
Quando o palestrante analfabeto, grosseiro e tosco Lula disse que “as feministas do PT têm o grelo duro”, não houve qualquer nota de repúdio do Pagu Mico (penso que até o aprovou). Com sua palermice, má gestão na economia e corrupção, Lula e a “mulher sapiens” Dilma Rousseff, a estocadora de vento (sobretudo na cabeça), que sempre vê um cachorro atrás de crianças, arruinaram o Brasil, mas as santíssimas academias socialistas jamais emitiram qualquer ruído contra o desastre que os líderes petistas e aliados — como os do Psol e do PC do B — provocaram ao país (só pelos crimes de liberarem R$ 13 bilhões à JBS dos irmãos Batista em troca de propina para o PT, e mais bilhões de reais a Eike Batista e outros tantos bilhões de reais a ditaduras socialistas, como Cuba, Bolívia, Venezuela e Angola, além de Lula ter ficado milionário com a caridade de empreiteiras camaradas, ambos merecem prisão perpétua).
O feminismo, como outros coletivismos, tornou-se um dogma. É inquestionável para a turma de doutrinadores e doutrinados da UFG e outras federais. É policialesco. Quem ousa discordar torna-se inimigo da turma da paz e altruísmo.
No trecho a seguir, é notório o apoio das caridosas e despreconceituosas feministas à selvageria ocorrida no salão nobre da Faculdade de Direito, entrando novamente em contradição com o seu discurso de amor: “Portanto, nós, mulheres deste Coletivo, consideramos justos os acontecimentos deflagrados naquele ambiente, pois o que se busca é a desmistificação do preconceito e do silenciamento de mulheres, que tentam deslegitimar o movimento feminista”. Ao expulsarem Thaís Azevedo de palestrar, estudantes e alguns professores tolamente a promoveram. É como censurar um livro: a curiosidade é despertada e o sucesso de vendas será garantido. Thaís saiu nos principais veículos de comunicação de Goiás e em alguns dos mais destacados do Brasil. É para rir ou não é?
Li entrevistas de Thaís Azevedo após o triste episódio na UFG. Ela precisa, sim, se preparar melhor para defender suas ideias. Foi frágil, superficial e confusa frente a perguntas de fácil resposta a jornalistas, mas já merece reconhecimento por sua coragem e determinação de enfrentar a raivosa patrulha da esquerda.
Ninguém é obrigado a ser feminista, como querem os nobres “acadêmicos” e o Pagu Mico. E não é difícil desmascarar o feminismo, que, quase sempre, o faz por si mesmo.
No afã de defender o feminismo, o Coletivo Feminista Pagu trabalha para cassar a voz de uma mulher que pensa diferente dele. Uma atitude francamente antifeminista, não é? Não se quer debater as ideias, boas ou ruins, de Thaís Azevedo; o que se quer é destruí-las.
Liev Trotski certamente diria, se pudesse: “Piadas stalinistas não têm graça alguma, mas são sempre perigosas”.
Há pelo menos um aspecto positivo, se é: as feministas não chamaram o Coletivo de “Coletiva”. Um avanço para quem lidera a vanguarda do atraso.
Edmar Oliveira, jornalista, foi editor do jornal “O Hoje” e é colaborador do Jornal Opção.