Nizan Guanaes não é mágico mas pode melhorar a imagem do governo e de Temer?
25 novembro 2017 às 10h03
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Michel Temer faz um governo de relativa qualidade, mas não consegue mostrar isto para a sociedade
Há quem pense que publicitário é sinônimo de mágico. Renato Monteiro é um publicitário de primeira linha, e isto em termos de Brasil. No entanto, não conseguiu projetar Paulo Garcia (recém-falecido) como um prefeito que trabalhava e deixou um trabalho significativo. Culpa sua? Na verdade, não. Paulo Garcia era um político e gestor não-administrável pela publicidade — parecia, até, avesso a se divulgar, sobretudo de conectar as obras à sua imagem (o culto à personalidade). O que prevalecia era, não o gestor qualitativo, e sim o político irônico e que deixou sua imagem ser corroída até ser difícil ou impossível reconstruí-la. Agora, fora do campo do PT, assiste-se um presidente convocando Nizan Guanaes, ás da publicidade patropi, para “arranjar” a imagem do governo. Será possível?
Talvez não. O governo de Michel Temer não é ruim e está contribuindo para a recuperação da economia. Não se trata de uma recuperação abrupta e, portanto, a maioria da população ainda não percebe o que está acontecendo (a percepção só aumenta quando cresce a possibilidade de mais consumo). Porém, se não é possível recuperar a imagem do presidente, talvez seja mesmo possível melhorar a do governo. Porque, se o presidente é visto como ruim, o governo não o é — ao menos é melhor do que o presidente. A publicidade tem como “distinguir” ou “separar” um do outro? Talvez sim, talvez não. A “recuperação” da imagem do presidente pode contribuir para qualificar a imagem do governo e vice-versa. Mas é missão de Hércules e Nizan Guanaes não é mágico — é tão-somente publicitário.
A repórter e blogueira Andréa Sadi, da Globo News, informa que Michel Temer e Nizan Guanaes se encontraram para discutir a possibilidade de a comunicação valorizar e projeta a agenda econômica do governo. O político e publicitário estão seguindo a ideia “é a economia estúpido”, do marqueteiro James Carville — decisivo numa campanha de Bill Clinton para presidente dos Estados Unidos. Dará resultado? Difícil, mas não impossível.
Michel Temer, com seu corpo empenado, não comunica bem. Mas aparenta “seriedade” e, sobretudo, está se comportando como um presidente determinado. Poucos enfrentaram a onda populista de maneira tão direta—tanto que aprovou a Reforma Trabalhista e está tentando aprovar uma Reforma Previdência, que, se não é a melhor, contribuirá para reduzir o custo do governo.