Humorista, jornalista e jornal têm sua parcela de culpa no caso da crítica ao filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”

Entrevista de Diego Bargas com Danilo Gentili e Fabrício Bittar | Foto: Reprodução/Facebook

O jornalista Diego Bargas foi demitido da “Folha de S. Paulo” após polêmica causada a partir de uma reportagem em que critica o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, do humorista Danilo Gentili.

Em matéria publicada nesta segunda-feira (16/10), o veículo de comunicação explicou o motivo da demissão, alegando que Bargas não teria se comportado de maneira adequada nas redes sociais: “os jornalistas da Folha são orientados a evitar manifestar posições político-partidárias e a não emitir juízos que comprometam a independência de suas reportagens.”

Crítico de cinema, Bargas resolveu se ater a questões como pedofilia e bullying na entrevista feita com o humorista e o diretor do filme, Fabrício Bittar. Ele é jornalista e tem todo o direito de perguntar o que quiser. Gentili se demonstrou impaciente desde o início, enquanto Bittar respondia tranquilamente as perguntas.

No Facebook, Gentili publicou a íntegra da entrevista, seguida de comentários com prints de posts de Bargas elogiando os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

O humorista acusou o jornalista de ser desprovido de isenção e de já ter a matéria pronta antes mesmo de ouvi-lo. É bem provável, sim, que Bargas tivesse uma pauta pré-estabelecida, o que não é nenhum absurdo. Mas ele simplesmente emitiu sua opinião a respeito do filme e Gentili não se demonstrou preparado para ler críticas contrárias.

O maior erro do jornalista foi ter negado, em novo post no Facebook, sua simpatia pelo PT. O que custaria dizer que admira os quadros do partido e deixar claro que sua opinião pessoal não interfere no seu trabalho? Afinal, é perfeitamente possível separar as duas coisas, ainda mais Bargas não sendo jornalista político.

Já o maior erro do humorista foi ter promovido uma perseguição ao jornalista, além de ter sido extremamente arrogante na entrevista. E o maior erro da “Folha de S. Paulo” foi ter se rendido e demitido Bargas, cujas manifestações político-partidárias foram publicadas já há algum tempo. Essa foi só uma desculpa encontrada. O jornalista foi demitido pela crítica ao filme e, consequentemente, pela pressão dela advinda. Não há como negar.