Philip Roth e John Updike: escritores favoritos da petista Dilma Rousseff
Philip Roth e John Updike: escritores favoritos da petista Dilma Rousseff

Numa de suas campanhas presidenciais, Dilma Rousseff esteve em Goiânia e concedeu entrevista à Rádio Terra. Convidado pelo deputado e radialista Sandes Júnior, fui dos jornalistas que a entrevistaram. A petista falou com tranquilidade, expôs suas ideias com o máximo de clareza e sem titubear. Quando a entrevista acabou, enquanto o pessoal da segurança preparava sua saída, ficamos (Alexandre Bittencourt e Olavo Noleto estavam juntos, salvo engano) conversando no estúdio. Sondei-a sobre o escritor americano Philip Roth, do qual dizia ser leitora. Não é conversa de assessoria para jornais e revistas: Dilma Rousseff sabe tudo sobre sua literatura. Disserta sobre “O Complexo de Portnoy”, “O Teatro de Sabbath” e “Complô Contra a América” com extrema facilidade, apresentando nuances — como se fosse crítica literária.

Depois, perguntei sobre John Updike. Para minha surpresa, mais uma vez, Dilma Rousseff discorreu, sem tergiversar, com facilidade e rigor sobre a obra do escritor americano, notadamente a respeito de sua obra mais importante, a tetralogia Coelho. Em quatro romances, seguidos de um conto — ou novela, o que sugere mais um quinteto do que uma tetralogia —, o Balzac Americano, o homem que expôs e desnudou a classe média americana (que não é tão diferente da classe média brasileira, ao menos em termos de consumo), revela a história de uma família (do começo ao fim) e a entrada dos automóveis da Toyota, sobretudo o Corolla, nos Estados Unidos. É uma história literária dos Estados Unidos, nas últimas décadas do século 20. Pois Dilma Rousseff sabe a história de cor e salteado — o que indica uma boa leitora.

Se deixar a Presidência da República, Dilma Rousseff deveria transformar os anos que passou no poder em motivo para literatura ou, pelo menos, para um diário cáustico do poder. A petista, uma mulher de rara decência pessoal, se cair, estará pagando o preço de alianças políticas criadas não por ela, e sim por seus aliados, como Lula da Silva. A questão chave é que, na política, inocência é paga com a queda, com o ostracismo.