“Maldita até a sétima geração!!!”, escreveu o jornalista e antiquário a respeito da presidente da República e de seu neto

Dilma Rousseff com o bebê Guilherme em janeiro de 2016

É possível que o jornalista e antiquário João Pedrosa esteja construindo um personagem e, por isso, talvez se veja como um ser duplo. Mas em qual o leitor de jornais — da coluna de Mônica Bergamo — deve acreditar: no que, num dia, tacha o compositor e escritor Chico Buarque de ladrão e, no dia seguinte, pede desculpas? É o indivíduo ou o personagem que está xingando? Do ponto de vista judicial, é claro, são uma coisa só. Pessoas que criam personagens — como se um fosse ator faustiano — costumam perder a identidade e são, por assim dizer, “apropriadas” pelas personagens. Não se sabe se é o caso.

Agora, segundo o registro de Mônica Bergamo, João Pedrosa, com o seu duplo a tiracolo, ataca Guilherme, o neto recém-nascido de Dilma Rousseff, e a própria presidente. Assim ele comenta a fotografia da petista-chefe com o bebê: “Maldita até a sétima geração!!!” Quase inacreditável que isto tenha sido escrito na internet ou em qualquer outro espaço.

O PT, no poder, se tornou o horror kafkiano — estetizou o roubo e tornou-o uma ética da irresponsabilidade —, mas uma relativa compostura nas críticas é necessária à convivência democrática.

Ao exagerar nas críticas, agredindo até um bebê que não tem como entender o que está ocorrendo (felizmente), João Pedrosa provoca o efeito contrário do que provavelmente espera: vitimiza aqueles que não aprecia. Ele se torna o vilão e os vilões, mocinhos.

Não se deve combater a intolerância do PT com doçura, é certo. Mas civilidade é vital àqueles que, apesar dos pesares, ainda acreditam no Brasil. Uma oposição política que usa o discurso de João Pedrosa é intolerável para todos — não apenas para petistas e aliados.