A qualidade da fotografia não é das melhores e Lula parece meio escondido, no banco de trás, mas o Brasil sabe que um ex-presidente está sendo levado para depor

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Uma imagem vale mais do que mil palavras? O filósofo do humor Millôr Fernandes contestou a ótima frase e cobrou: diga isto sem palavras.

De fato, as palavras, diria Shakespeare, são a essência e a porta que se abre para o diálogo entre os homens (mas dezenas não podem usar as palavras, verbalizá-las oralmente, mas ainda assim se comunicam, e muito bem).

As palavras por vezes não têm como explicitar determinadas situações (e informações) e as imagens são fundamentais para firmá-las e, assim, torná-las mais públicas. É o caso da fotografia que mostra um veículo levando o ex-presidente Lula da Silva para depor na Polícia Federal.

A fotografia não tem qualidade — e, por isso, os jornais e sites precisaram de palavras para iluminá-la —, mas quem está no veículo da Polícia Federal é o ex-presidente Lula da Silva. Quer dizer, um ex-presidente da República, ainda um condestável — tido como primeiro-ministro do governo “de” Dilma Rousseff (teria sido o principal responsável pela queda do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo) —, é levado para depor, na Polícia Federal, de maneira coercitiva. É um fato histórico. É o que o país está vendo e aprovando.

Outro fato histórico é que, levado para depor de modo coercitivo, o país continuou a funcionar normalmente, evidenciando que as instituições estão mais sólidas do que nunca.

Ninguém fala em golpe. Aliás, quem fala em golpismo está, paradoxalmente, no poder. Na verdade, não há risco de golpe de qualquer natureza. O impeachment, por exemplo, é um instrumento democrático.

(A fotografia é do UOL)