Em março deste ano, a TV Globo decidiu acabar com o quadro Central do Apito, pelo qual ex-árbitros comentavam e explicavam a atuação da equipe de arbitragem nos jogos dos campeonatos que a emissora transmite. Foi uma quebra de tradição de décadas: desde 1989, quando Arnaldo Cezar Coelho foi contratado, sempre havia alguém para analisar as polêmicas decisões sobre faltas, cartões, impedimentos e penalidades máximas. A decisão afetou também os canais Sportv e Premiere.

Na visão da Globo, a Central do Apito deixou de cumprir sua função de aproximar o espectador das regras do futebol. Para isso, teria se baseado na rejeição observada nas redes sociais. Outro fator foi o advento do VAR, como ficou conhecida a equipe de profissionais que presta assistência aos árbitros de campo com o uso de câmeras e recursos digitais. “As análises sobre arbitragem serão feitas, quando necessárias, no conteúdo dos programas esportivos”, informou a emissora, à época, em nota.

Na prática, a teoria tem sido outra. Ainda que parte da audiência realmente torça o nariz para os comentaristas de arbitragem, o fato é que o futebol tem lances realmente complexos mesmo para quem é aficionado. Nesses momentos que demandam conhecimento técnico avançado, a falta de alguém da área é sentida.

Foi o que ocorreu no jogo de sábado, entre Atlético Mineiro e Botafogo, fechando a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time carioca estava em desvantagem no placar quando a bola foi alçada na área, em direção ao atacante Diego Costa, que não esboçou reação, por se ver em posição clara de impedimento. Só que o zagueiro adversário rebateu em cima dele, que chutou para dentro das redes. O gol foi imediatamente invalidado pelo árbitro assistente – como agora passou a ser chamado o antigo “bandeirinha”.

Depois do lance, Rogério Correa, narrador da partida, até ensaiou chamar Paulo César de Oliveira, o único ex-árbitro que continua no quadro de contratados da Globo, mas agora chamado muito esporadicamente, mas ficou só na intenção.

Outras emissoras de esporte mantêm seus comentaristas de arbitragem. Talvez seja o caso de a principal rede de comunicação do País repensar sua decisão nesse caso.