Cubanos até rezam pela aproximação de seu país com a nação presidida por Barack Obama. Mas o ditador sai do sarcófago para blasfemar contra a democracia

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Os atos por vezes contradizem as palavras. Fidel Castro, o longevo ditador cubano — Raúl Castro é um preposto —, vitupera contra o imperialismo, mas está sempre vestindo um agasalho da Adidas (há quem diga que Fidel Castro recebe dinheiro para ser fotografado com roupas da Adidas), que, claro, não é uma marca cubana. Agora, ao esbravejar contra o presidente dos Estados Unidos, o homem de Sierra Maestra aparece vestindo um agasalho da Puma (uma criação da família que fundou a Adidas). Em nenhuma de suas roupas aparece made in Cuba. Suas vestimentas são do velho e produtivo imperialismo.

Num artigo publicado na segunda-feira, 28, o encanecido ditador, contrariando a felicidade geral dos cubanos, escreveu (ou seu ghost-writer), no diário oficial “Granma”: “Não necessitamos que o império nos presenteie nada”. Trata-se de uma referência à visita recente do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Cuba — um fato histórico incontestável.

A linguagem de Fidel Castro é tão moderna quanto Matusalém, Stálin e Mao Tsé-tung. É a clássica má educação do tiranossauro rex de Disneylândia das esquerdas

Aos 89 anos, meio gagá, Fidel Castro afirma que as palavras de Barack são “melosas”, quer dizer, seriam enganadoras. “Ninguém tenha a ilusão de que o povo deste nobre e abnegado país renunciará à glória e aos direitos, e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura”, dissertou o tirano.

Apesar do discurso de Fidel Castro, uma tentativa de conter o entusiasmo dos cubanos com a aproximação com os Estados Unidos, nada mudou no “espírito” dos cubanos. Grande parte deles, talvez a maioria, gostaria de morar nos Estados Unidos, isto é, numa democracia (a democracia “não presta”, todos sabem, mas nem Chico Buarque nem Lula da Silva querem morar numa ditadura — preferem a Itália, e com razão). Muitos continuam fugindo do país, apesar das prisões e perseguições. Cuba é ótima… para Fidel Castro e sua família, os oligarcas. Mas é péssima… para os cubanos.

Barack Obama foi diplomático, mas não deixou de elogiar os dissidentes: “É preciso ter muita valentia para fazer ativismo em Cuba”. Fora os comunistas castristas, todos pensam o mesmo.