Exército está limpo e não tem “manchas” por causa dos golpistas bolsonaristas
24 novembro 2024 às 00h00
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Nada é mais necessário do que o jornalismo crítico e cético. Mas nada é mais danoso que interpretações rápidas e gratuitas, talvez para obter o aplauso das plateias, sobretudo as de esquerda, que são influentes.
Em jornais e, até, no “Em Pauta”, da GloboNews, há jornalistas sugerindo que a imagem do Exército está “manchada” — “arranhada” — dada a existência de generais, coronéis, majores e capitães golpistas. Alguns deles com espírito assassino, pois planejaram matar o presidente Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De fato, é lamentável que oficiais tenham sucumbido à pregação golpista do bolsonarismo. É gravíssimo.
Golpe de Estado só ocorre quando o Exército participa
Mas os que conhecem minimamente história — os comentaristas da GloboNews, de primeira linha, compreendem os processos golpistas de 1889 (comemoramos o 15 de novembro por causa da Proclamação da República, mas nos esquecemos facilmente que se tratou de um golpe militar, comandado pelo Exército), de 1930, de 1937, de 1945 e de 1964 — sabem que não se tem golpe de Estado no Brasil sem a participação direta da Exército.
Portanto, não tivemos golpe de Estado em dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023 porque o Exército não quis apoiar aquilo que havia sido articulado por Jair Bolsonaro, como presidente e ex-presidente, e oficiais violentos, em parte destrambelhados e, sobretudo antidemocráticos. (A invasão do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal mostrou que o golpe era possível.)
Então, o Exército, ao não apoiar o golpismo e o general-comandante Freire Gomes reagiu (como o marechal Henrique Lott, que garantiu a posse de Juscelino Kubitschek em meados da década de 1950), afirmando que poderia combatê-lo, permaneceu democrático. Deu a resposta adequada, sem alarde, sem escândalo. O presidente Lula da Silva — que seria assassinado pela súcia bolsonarista — permanece no poder graças a generais democratas.
O jornalismo crítico, que no Brasil quase sempre excede porque busca o aplauso de circunstância, não deve pôr mancha onde não existe. Louvemos, católicos, evangélicos e ateus, o Exército da terra de Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. Fala-se, óbvio, do atual.
O Exército atual nada tem a ver com o Exército da ditadura. Ponto. Mas há, claro, as viúvas de Emílio Garrastazu Médici, de Sylvio Frota e de Brilhante Ustra — este torturava a mando dos generais e por maldade (sadismo) própria —, como Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Mário Fernandes e Walter Braga Neto. Por sinal, o ex-presidente “Já Foi” poderá se tornar, em breve, Já Ir “Prisionaro”.