Críticos lamentam a aposentadoria precoce do ator Daniel Day-Lewis e apontam suas melhores atuações
21 junho 2017 às 18h53
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O britânico tem apenas 60 anos e os críticos consideram que, como ator, está no auge da carreira. Mas ele tem ressaltado que faltam bons papeis
Day-Lewis é uma família de criadores culturais. Cecil Day-Lewis (1904-1972) é um dos poetas britânicos mais importantes do século 20, com uma obra cada vez mais valorizada pela crítica. Seu filho, Daniel Day-Lewis, é considerado um ator notável, da estirpe de Marlon Brando. Ele ganhou o Oscar de Melhor Ator três vezes por suas atuações memoráveis. Postei a notícia de sua aposentadoria no Facebook e perguntei a alguns críticos como a avaliam e pedi que dissessem quais são seus melhores filmes e atuações.
O crítico Lisandro Nogueira, professor de Cinema da Universidade Federal de Goiás e doutor pela Universidade de São Paulo, lamenta sua aposentadoria: “Trata-se de um grande ator, além de sábio. Se não for problema de saúde, toma decisão delicada. Ele está no auge, bem e tem credibilidade”.
Alberto Nery avalia que a decisão talvez faça parte da sabedoria do ator. “Avalio positivamente quando um ator, como um jogador, sai de cena no auge da carreira. Não deixa ser triste ver um grande ator ‘cambaleando’ em papéis secundários. As três estatuetas do Oscar enfeitam a sala de Daniel Day-Lewis. Portanto, ele está se aposentando feliz da vida. Quem sabe, dado o talento, vira poeta, como o pai”.
O advogado João Paulo Lopes Tito, crítico de cinema do Jornal Opção, sustenta que Daniel Day-Lewis é “um grande ator”. “Ele ainda é jovem, comparado a estrelas como Clint Eastwood, de 87 anos, Michael Caine, de 84 anos, e Christopher Plummer, de 87 anos, que continuam em atividade. Tomara que, ao contrário de Sean Connery, não se isole no alto de uma montanha.”
O advogado Talmon Pinheiro Lima, aficionado por cinema, torce para que a aposentadoria de Daniel Day-Lewis seja semelhante à do cantor Sílvio Caldas (1908-1998). Artistas, atores e cantores, têm o hábito de anunciar a aposentadoria, mas, ante a pressão dos fãs ou das ofertas financeiras, acabam retornando ao proscênio. “Daniel Day-Lewis forma com Sean Connery, de 86 anos, e Anthony Hopkins, de 79 anos, a trinca de ouro dos atores britânicos. Os três estão entre os melhores do mundo.” Pinheiro Lima está falando de atores vivos, por isso não menciona sir Laurence Olivier (1907-1989), o papa dos atores ingleses.
O crítico de cinema Herondes Cezar, colaborador do Jornal Opção, enfatiza que se trata de “um ator excepcional; portanto, lamento sua aposentadoria”.
O crítico Hélio Torres, ás da internet, apresenta uma possível explicação para a aposentadoria: “Daniel Day-Lewis tem criticado a falta de interesse dos estúdios e, consequentemente, do público em relação a projetos de filmes mais bem elaborados. O cinema nos últimos anos virou uma grande HQ”.
Atuações marcantes
João Paulo Tito diz que vários filmes de Daniel Day-Lewis são marcantes. “Há um grau de excelência em ‘As Bruxas de Salem’, ‘Em Nome do Pai’, ‘Gangues de Nova York’, ‘Sangue Negro’ e ‘Lincoln’. Ele atuou muito bem em ‘Gangues de Nova York’, de Martin Scorsese. Porém, avaliando o conjunto, acho que ‘O Último dos Moicanos’ foi o que mais me marcou.”
Herondes Cezar diz que as atuações mais marcantes de Daniel Day-Lewis se deram em “Sangue Negro” e “Lincoln”.
Hélio Torres aponta “O Último dos Moicanos” como um filme belíssimo, com grande atuação do ator.
“Daniel Day-Lewis arrasa no filme ‘Em Nome do Pai’. Eu vi ‘zilhões’ de vezes a cena final no Tribunal, na qual o personagem é inocentado, e me emociono sempre. Ele também ‘arrebenta’ em ‘Gangues de Nova York’ e ‘Lincoln’”, afirma Talmon Pinheiro Lima.
A crítica de cinema Tacilda Aquino afirma que “o ator está muito bem nos filmes ‘Minha Adorável Lavanderia’ e ‘Uma Janela Para o Amor’, de 1985, e em ‘A Insustentável Leveza do Ser’, de 1988. São os filmes dos quais mais gosto. ‘Meu Pé Esquerdo’ também é de qualidade”.