Covid-19? E que tal pensarmos numa vacina para a Democracia?

14 abril 2020 às 16h43

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É preciso manter íntegro o nosso democrático processo de escolha dos homens e mulheres que nos ajudarão a superar a crises atuais e vindouras
Marcos Marinho
Especial para o Jornal Opção
O ano de 2020 está entrando para a posteridade como um daqueles que já mereceram capítulos especiais nos livros de História. Não é a primeira vez que passamos por momentos críticos que impactam de modo horizontal, ainda que com a costumeira desigualdade, todos os grupos sociais no mundo. Puxe na memória ou pesquise no Google e você verá.
Como sempre ocorreu, também hoje somos confrontados com a necessidade de tomar decisões nada fáceis e, geralmente, sem estarmos de posse dos elementos necessários para escolher a melhor alternativa.
Salvar vidas ou salvar a economia não é um desses dilemas, ok?! E explico por quê: sem as vidas dos que fazem a roda da economia girar, seja pela produção, seja pelo consumo, não há sistema econômico. Simples assim. Desta forma, em uma escala racional de prioridades, salvamos o máximo de vidas que pudermos e, de forma coadjuvante, usamos toda inteligência de que dispomos para adaptar o sistema econômico à nova realidade que emerge da crise. Lembre-se: a economia é obra humana, mas a vida é a essência humana.
Manter a democracia saudável
Dentre as decisões que precisamos tomar enquanto sociedade, manter nossa democracia saudável é das mais importantes. Na verdade, só existe essa questão, essa necessidade de pensarmos coletivamente sobre o tema, porque vivemos em uma democracia.
Todas as decisões coerentes que estão sendo tomadas em nível mundial seguem sendo tomadas de forma política, respeitando a ciência, as demandas e as problemáticas geradas pela pandemia do Covid-19. É a atividade política que tem servido de mediadora de interesses, pontos de vista e diretrizes adotadas em todos os níveis nas sociedades democráticas do planeta. E isso tem salvado vidas e mantido a esperança das pessoas em dias melhores.
2020 é um ano eleitoral, motivo que já o faria ocupar algumas linhas dos futuros livros de história. Uma eleição é justamente uma das formas de manter saudável uma democracia, pois serve como uma vacina aplicada pelo povo nos organismos municipais a fim de curar doenças lá instaladas ou prevenir, caso esteja saudável, que as prefeituras e câmaras sejam invadidas pelo vírus da corrupção e/ou da incompetência.
Não podemos abrir mão de vacinar nosso sistema político, de manter saudável nossa democracia, de curar cidades inteiras através da oxigenação do sistema que, de fato, decide cotidianamente como será possível deixar o povo viver bem. O que precisamos é parar com os oportunismos de quem viu nessa crise a oportunidade de estender seu mandato, com a ignorância dos negacionistas da política, e usarmos toda nossa inteligência e tecnologia para mantermos íntegro o nosso democrático processo de escolha dos homens e mulheres que nos ajudarão a superar as crises atuais e vindouras.
Sem isso, ainda que sobreviventes do novo coronavírus, restaremos doentes.
Marcos Marinho é professor e consultor político.