No dia 3 de maio é celebrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e de acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil subiu 18 posições no ranking de liberdade de imprensa em todo o mundo, principalmente devido ao fim do governo de Jair Bolsonaro.

Embora o país ainda esteja em uma situação delicada em relação à liberdade de imprensa, a classificação deixou de piorar, como vinha acontecendo nos últimos anos. O ranking divulgado nesta quarta-feira coloca o Brasil na 92ª posição entre 180 países avaliados.

Na classificação de 2022, o país ocupava a 110ª posição. O relatório foi publicado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa da ONU, e o secretário-geral da organização, António Guterres, afirmou que a liberdade de imprensa é crucial para a manutenção da liberdade em geral.

Impacto do bolsonarismo

Para os autores da classificação, “o governo Bolsonaro de 2019-2022 foi extremamente desafiador para a imprensa brasileira”. “O presidente insultou regularmente jornalistas e a mídia e mobilizou exércitos de apoiadores nas mídias sociais como parte de uma estratégia afinada de ataques coordenados que visavam desacreditar a imprensa, que foi rotulada como inimiga do Estado”, afirmou.

“Bolsonaro deu continuidade a essa estratégia como ex-presidente, com o objetivo de garantir que seus apoiadores não acreditem nas acusações de corrupção feitas contra ele e sua família, nos resultados das eleições que levaram Lula da Silva ao poder e nas ações do novo governo”, disse.

Segundo a RSF, enquanto o Presidente Lula tenta restaurar os princípios democráticos ao lidar com a mídia, ele é “constantemente desafiado pelos apoiadores de Bolsonaro e pelos partidos de extrema direita, que continuam a tentar desestabilizar o governo”.

A questão, de acordo com a entidade, é a instalação de um clima de hostilidade contra a imprensa, a partir das ações do bolsonarismo. “A retórica agressiva em relação aos jornalistas e à imprensa adotada pelo governo Bolsonaro de 2019 a 2022 alimentou uma atitude cada vez mais hostil e desconfiada em relação aos jornalistas na sociedade brasileira”, afirmou. “

A ampla disseminação de desinformação continua a envenenar o debate público. O Brasil continua altamente polarizado, e os ataques da mídia social à imprensa abriram caminho para repetidos ataques físicos contra jornalistas, vistos em particular durante as eleições de 2022 e a tentativa de insurreição por apoiadores de Bolsonaro no centro de Brasília em 8 de janeiro de 2023″, disse.

Líderes e opressores

De acordo com o levantamento, a Noruega é onde a liberdade de imprensa é mais respeitada no mundo. Oslo lidera o ranking pelo sétimo ano consecutivo. O segundo lugar é da Irlanda, seguida pela Dinamarca.

A classificação ainda aponta que os três piores locais para a imprensa estão na Ásia. O governo do Vietnã ocupa a 178ª posição, enquanto a China está no lugar de número 179 por ser “a maior prisão do mundo para jornalistas”. A lanterna do ranking fica com a Coreia do Norte.